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Sorteio da Copa do Mundo de 2026 é alvo de investigação no Senado dos EUA após acordo entre Fifa e Kennedy Center

Senador democrata acusa direção do Kennedy Center de favorecer a Fifa e causar prejuízo milionário ao espaço financiado com recursos públicos

Agência O Globo - 26/11/2025
Sorteio da Copa do Mundo de 2026 é alvo de investigação no Senado dos EUA após acordo entre Fifa e Kennedy Center
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

O sorteio da Copa do Mundo de 2026, marcado para 5 de dezembro no Kennedy Center, em Washington, tornou-se centro de uma controvérsia que agora é investigada pelo Senado dos Estados Unidos. O acordo entre a Fifa e o renomado centro cultural levou o senador democrata Sheldon Whitehouse a acusar a administração do espaço de nepotismo, favorecimento e desperdício de recursos públicos.

Segundo o portal The Athletic, em carta enviada ao presidente do Kennedy Center, Ric Grenell — nomeado durante o governo Donald Trump —, o senador alega que o contrato firmado com a Fifa resultou em "milhões de dólares em receitas não arrecadadas", além do cancelamento de eventos e do uso gratuito das instalações. Uma cópia do contrato, obtida pela equipe do Senado, mostra que a Fifa teve acesso à Sala de Concertos e a outros espaços do centro sem custo de aluguel.

"O Centro está sendo saqueado em receitas não arrecadadas, programas cancelados e gastos perdulários", afirmou Whitehouse.

Em resposta, Grenell enviou uma carta e publicou mensagens na rede X, negando as acusações e afirmando que a Fifa "pagou milhões e cobriu todas as despesas". A porta-voz do centro, Roma Daravi, declarou à Associated Press que a entidade receberá uma doação de US$ 2,4 milhões e terá "oportunidades de patrocínio" que somariam US$ 7,4 milhões. No entanto, até o momento, nenhum documento oficial foi apresentado para comprovar os pagamentos ou justificar por que foram feitos como doações e não como taxa de aluguel.

O contrato obtido pelo Senado, assinado em agosto por representantes da Fifa e do Kennedy Center, estabelece explicitamente que o uso das instalações custaria US$ 0,00. O documento garante à entidade acesso exclusivo ao Concert Hall e a diversos outros teatros, galerias, salas e espaços de eventos entre 24 de novembro e 12 de dezembro.

Ex-executivos do centro e especialistas em direito tributário demonstraram perplexidade com o modelo de pagamento adotado. Para eles, é incomum — e até suspeito — que uma organização sem fins lucrativos receba doações ou patrocínios de outra entidade em vez de cobrar aluguel pelos serviços prestados.

A crise ganhou contornos políticos desde fevereiro, quando o governo Trump substituiu a maior parte do conselho do Kennedy Center e assumiu o controle da instituição. Desde então, houve queda na venda de ingressos para a programação artística, enquanto eventos ligados a grupos conservadores passaram a ocupar o espaço.

O Senado americano também questiona até que ponto a influência do ex-presidente Trump pesou na escolha do local para o sorteio — a Fifa negociava com arenas em Las Vegas antes de optar por Washington.