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'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
Com a entrega do último submarino convencional do Prosub, Marinha foca na inédita tecnologia nuclear e reforça soberania marítima.
Analistas apontam que a conclusão da etapa de submarinos convencionais do Prosub permite à Marinha do Brasil concentrar esforços no projeto estratégico do submarino nuclear, colocando o país em um seleto grupo internacional.
Na semana passada, a Marinha lançou ao mar o submarino Almirante Karam, o quarto e último modelo convencional do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), iniciado em 2008 para modernizar a tecnologia e a indústria naval brasileiras.
Com essa etapa concluída, a expectativa é que o foco da força se volte ao submarino nuclear Álvaro Alberto, ainda em construção. Especialistas consideram que, embora quatro submarinos convencionais representem avanço, o ideal para a defesa nacional seria contar com um modelo nuclear, visto como ferramenta de dissuasão estratégica.
Pedro Martins, doutorando em relações internacionais pela UERJ, afirma que este é o momento mais crítico e relevante para a Marinha: "O Brasil vai entrar em um seletíssimo grupo de países que têm submarino nuclear". Ele destaca que poucos países possuem esse equipamento, devido ao alto custo e à complexidade tecnológica.
Sobre as limitações orçamentárias, Martins ressalta que, apesar do orçamento robusto da Defesa, a maior parte dos recursos é consumida por gastos com pessoal, especialmente inativos e pensões, quando o investimento deveria priorizar equipamentos de defesa. "É preciso manter o grau de prontidão e modernização do equipamento para atender às demandas de defesa do país", reforça.
Entre as demandas estratégicas, Martins cita a defesa da Amazônia Azul — área marítima com grandes reservas de petróleo e peixe —, os planos para a exploração na Margem Equatorial e a instabilidade política no norte da América do Sul. "Precisamos de equipamentos mais modernos para garantir nossa economia e segurança nacional", completa.
Martins defende ainda a busca por novas parcerias para desenvolvimento tecnológico, enfatizando a importância da transferência de tecnologia para a autonomia e soberania militar do Brasil.
Michelly Geraldo, doutora e especialista em política e tecnologia nuclear, considera o encerramento da etapa convencional do Prosub como "um ponto de transição muito importante para a Marinha". Ela ressalta o legado industrial, tecnológico e humano do programa, que deve ser preservado.
Geraldo aponta três passos fundamentais: consolidar a capacidade industrial e de recursos humanos, evoluir doutrinas e treinamentos, e fortalecer o papel da Marinha na Amazônia Azul. "O maior risco é perder mão de obra e know-how durante o hiato entre ciclos produtivos", alerta.
Ela destaca que a integração com a FAB e o Exército é essencial para proteger o pré-sal e garantir rotas marítimas dentro de um conceito multidimensional de defesa.
Segundo Geraldo, o Prosub abre espaço institucional, técnico e orçamentário para o avanço do submarino nuclear, projeto desenvolvido há décadas no Brasil com foco no uso pacífico da energia nuclear e respeito a acordos internacionais.
Ela reforça os benefícios estratégicos do submarino nuclear: autonomia praticamente ilimitada, maior velocidade submersa e imprevisibilidade, o que fortalece a dissuasão e a proteção dos ativos marítimos nacionais.
Além do impacto na segurança, Geraldo destaca a importância tecnológica do programa, que impulsiona setores como engenharia nuclear, materiais avançados e sistemas de controle, gerando benefícios para a indústria, energia e academia.
Quanto ao orçamento, ela defende a prioridade para manutenção, prontidão e formação de pessoal qualificado. "Parar o programa nuclear seria muito mais caro, pois a perda de conhecimento acumulado é irreversível", afirma.
Geraldo também cita a França como parceira natural, devido à integração tecnológica do Prosub, e aponta a Índia e países do Sul Global, como a África do Sul, como potenciais parceiros estratégicos para vigilância, operações conjuntas e intercâmbio técnico.
Com informações da Sputnik Brasil
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