Vida Esportiva

Como Endrick ficou para trás na fila do Real Madrid e da seleção brasileira

Chegada de Mbappé e lesão em momento chave prejudicaram a trajetória do atacante, que deixara o Brasil cercado de expectativa

Agência O Globo - 23/10/2025
Como Endrick ficou para trás na fila do Real Madrid e da seleção brasileira
Endrick

"Não vou mentir... Não esperava tudo isso. Tanta gente assim", disse um emocionado Endrick em sua apresentação no Real Madrid, diante de 43 mil torcedores no Santiago Bernabéu. O primeiro contato mostrou o tamanho da expectativa em torno do atacante de 18 anos, então a nova joia brasileira que chegava depois de Vini Jr e de Rodrygo. Quase um ano e três meses depois, ela não se cumpriu.

Desde que se recuperou de uma lesão na coxa direita, Endrick completou um mês seguido no banco de reservas. É o único jogador de linha do Real (dentre os que não estão no departamento médico) que ainda não jogou um minuto sequer nesta temporada. Foi para o fim da fila do ataque merengue e já virou alvo de rumores de um possível empréstimo na janela de transferências de janeiro.

Para entender como o brasileiro foi parar nesta situação, primeiro é preciso retroceder 11 dias em relação à sua apresentação. No mesmo Santiago Bernabéu, mas diante de 80 mil, Kylian Mbappé vestiu a camisa do Real pela primeira vez. Quando Endrick acertou sua transferência para o clube espanhol, em dezembro de 2022, o atacante francês ainda tinha mais um ano e meio de contrato com o PSG. Ao chegarem juntos, as chances do brasileiro ter uma sequência logo em seu primeiro ano ficaram bastante reduzidas.

E assim foi. Na primeiro semestre da temporada 2024/25, Endrick atuou por apenas 157 minutos (sem contar os acréscimos), tendo sido titular em um único jogo e marcado dois gols. Na virada do ano, o então técnico do Real Carlo Ancelotti lhe deu mais oportunidades. Entre janeiro e maio, o brasileiro jogou 687 minutos. Iniciou as partidas em sete ocasiões e balançou as redes quatro vezes. As perpectivas para o segundo ano em Madri eram mais animadoras. Até a lesão.

A contusão na coxa direita deixou Endrick quatro meses fora de combate num momento crucial. Ele perdeu os primeiros meses de Xabi Alonso no Real e o início de Ancelotti com a Amarelinha. Viu os concorrentes tanto em Madri quanto na seleção brasileira ganharem vantagem nas duas corridas.

No Real, como se não bastasse Mbappé ter se tornado o centro do time de Xabi a ponto de nunca ser poupado, Gonzalo García aproveitou bem o Mundial de Clubes e saiu da base já como o reserva imediato do francês.

É nítido como as poucas oportunidades no Real afetaram diretamente a história de Endrick com a Amarelinha. No primeiro semestre de 2024, quando ainda era jogador do Palmeiras, ele ganhou as primeiras oportunidades na seleção principal. E não desperdiçou. Entre amistosos e Copa América, somou 242 minutos (sem contar os acréscimos), foi titular uma vez e marcou três gols. Com a ida para Madri, entrou em declínio.

No segundo semestre de 2024, Endrick somou apenas 72 minutos pela seleção. No primeiro de 2025, caiu para 45. Desde a lesão, nunca mais jogou pelo Real e, consequentemente, nem pelo Brasil.

A disputa pelas vagas de centroavante para a seleção na Copa de 2026 segue aberta. Mas Endrick vê os concorrentes muito de longe. Ancelotti já chamou cinco jogadores com este perfil. Matheus Cunha é quem mais esteve em campo (218 minutos), seguido de Richarlison (174) e João Pedro (100). Igor Jesus e Kaio Jorge também já foram convocados e entraram durante os jogos. Em comum, todos têm atuado por suas equipes.

Na última terça, Xabi desconversou sobre o futuro de Endrick. Ele evitou falar sobre um possível empréstimo e disse que o jovem de 19 anos precisa estar preparado para quando a oportunidade chegar, já que "a competição no ataque é intensa". Só que nesta quarta, no 1 a 0 sobre a Juventus, pela Liga dos Campeões, ela não veio mais uma vez.