Vida e Saúde
Vacina da dengue de dose única: entenda como funciona e quem pode tomar
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prevê uso das primeiras doses já no próximo mês
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta semana, a primeira vacina em dose única contra a dengue no mundo. Batizada de Butantan-DV, a vacina é quadrivalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. O registro oficial da vacina deve ser publicado nos próximos dias, conforme informou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
De acordo com dados apresentados pelo Instituto Butantan, a nova vacina atingiu 74,7% de eficácia geral, 91,6% de eficácia contra casos graves ou com sinais de alarme e 100% de eficácia contra hospitalizações por dengue.
Isso significa que, entre os vacinados, a grande maioria não apresentou agravamento da doença e nenhum dos imunizados precisou ser hospitalizado.
A aprovação da Anvisa contempla pessoas entre 12 e 59 anos de idade. A vacina foi desenvolvida no Brasil, com etapas iniciais idealizadas pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), dos Estados Unidos.
Durante coletiva de imprensa no Instituto Butantan, em São Paulo, o ministro Alexandre Padilha destacou que a expectativa é iniciar o uso das doses já no próximo mês. O Butantan já possui mais de 1 milhão de doses prontas para distribuição.
“Queremos pegar esse 1 milhão de doses e começar a colocar no braço do povo brasileiro. Nossa expectativa é iniciar a vacinação para um público específico em dezembro e incluir no calendário nacional a partir de janeiro de 2026”, afirmou o ministro.
Por ser uma vacina de dose única, espera-se maior adesão em comparação ao imunizante atualmente disponível no país, o QDenga, da farmacêutica japonesa Takeda, que exige duas doses com intervalo de 90 dias. No entanto, Padilha esclareceu que não há previsão de retirada da QDenga do programa nacional de imunização.
“A nova vacina não substitui a que já temos, até pela capacidade de produção e incorporação da atual. Temos um contrato de 18 milhões de doses com a Takeda”, explicou Padilha.
Atualmente, o Ministério da Saúde oferta a QDenga pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante, aprovado pela Anvisa em março de 2023, é recomendado para pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de infecção prévia pelo vírus.
Ainda não foi definido qual será o público prioritário para receber a nova vacina. Segundo Padilha, a decisão será tomada em reuniões nos próximos dias.
Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, ressaltou a importância de priorizar profissionais que atuam diretamente no combate à doença: “Devemos ter atenção especial a quem enfrenta a dengue em campo, como os que combatem focos do mosquito e fazem vigilância, pois estão mais expostos do que a população em geral”, ponderou.
Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), a definição dos grupos prioritários será um desafio, ainda maior do que na vacinação contra a Covid-19. “A dengue é uma doença complexa, com zonas de maior e menor incidência. Além disso, a vacina é segura e apresenta melhor desempenho em quem já teve dengue anteriormente”, explicou.
No momento, não há vacinas aprovadas no Brasil para pessoas acima de 60 anos, faixa etária mais vulnerável a formas graves da doença. O Butantan já recebeu autorização da Anvisa para avaliar o uso da Butantan-DV em pessoas de 60 a 79 anos. Se os resultados forem positivos, o público-alvo poderá ser ampliado. O mesmo processo está em andamento para crianças de 2 a 11 anos; estudos preliminares indicam segurança da vacina para esse grupo.
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