Vida e Saúde

Dormir sempre no mesmo horário pode ajudar a reduzir a pressão arterial, aponta novo estudo

Pesquisa realizada pela Universidade de Saúde e Ciência do Oregon indica que regularidade no horário de dormir beneficia pessoas com hipertensão

Agência O Globo - 20/11/2025
Dormir sempre no mesmo horário pode ajudar a reduzir a pressão arterial, aponta novo estudo
- Foto: Reprodução

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, publicado na revista SLEEP Advances, sugere que manter um horário regular para dormir pode ter efeito benéfico na pressão arterial de pessoas com hipertensão. O artigo, intitulado "Bedtime regularization as a potential adjunct therapy for hypertension, a proof-of-concept study" (Regularização do horário de dormir como possível terapia adjuvante para hipertensão: um estudo de prova de conceito), destaca a importância da consistência nos horários de sono.

De acordo com o professor associado de Ciências da Saúde Ocupacional, Saurabh Thosar, e o professor assistente de pesquisa Leandro Campos de Brito, pessoas com hipertensão que mantiveram um horário de dormir consistente por duas semanas apresentaram quedas significativas na pressão arterial, principalmente durante a noite. A intervenção mostrou resultados positivos inclusive entre participantes que já faziam uso de medicamentos para controle da hipertensão.

O estudo recrutou 11 adultos de meia-idade com hipertensão. Após uma semana de monitoramento dos padrões habituais de sono, os participantes foram orientados a escolher um horário fixo para dormir e mantê-lo por duas semanas, evitando cochilos diurnos. Não houve exigência de aumento ou redução do tempo total de sono, apenas maior regularidade. A variabilidade no horário de dormir, que era de cerca de 30 minutos entre as noites, caiu para apenas sete minutos.

Como resultado, todos os participantes apresentaram redução na pressão arterial: queda de 4 mmHg na pressão sistólica e 3 mmHg na diastólica — valores comparáveis aos benefícios obtidos com exercícios físicos regulares ou diminuição do consumo de sal. À noite, as reduções foram ainda maiores: 5 mmHg na sistólica e 4 mmHg na diastólica.

Uma redução de 5 mmHg na pressão arterial noturna pode diminuir o risco de eventos cardiovasculares em mais de 10%. Metade dos participantes apresentou redução além do ponto que indica mudança fisiológica positiva.

Segundo Brito e Thosar, horários de dormir irregulares podem desregular o sistema circadiano, responsável pelo ciclo sono-vigília e pela função cardiovascular. Outro estudo recente apontou que um aumento de meia hora na variação do início do sono eleva o risco de hipertensão em mais de 30%.

Próximos passos

Os pesquisadores reconhecem que o estudo foi realizado com grupo pequeno e ressaltam a necessidade de pesquisas mais amplas. Ainda assim, os resultados são considerados animadores, já que a regularidade no horário de dormir é uma intervenção de baixo custo e risco, capaz de complementar os tratamentos atuais para hipertensão.

Uma pesquisa da Universidade de Gotemburgo também revelou que a combinação de apneia do sono e insônia aumenta significativamente o risco de hipertensão arterial. O estudo avaliou quase 4.000 adultos de meia-idade, divididos em quatro grupos: sem problemas de sono, com insônia, com apneia do sono e com ambos os distúrbios. A pressão arterial elevada foi definida como leituras acima de 140/90 mmHg.

Os resultados mostram que 4,5% das pessoas com insônia isolada tinham pressão alta, contra 7,9% entre aqueles com apneia do sono e 10,2% dos que apresentavam ambos os distúrbios.

"Observamos que é especificamente a combinação de apneia do sono e insônia que está mais claramente ligada à hipertensão. Esse conhecimento é importante para identificar pacientes com maior risco e que precisam de acompanhamento mais rigoroso", afirma Mio Kobayashi Frisk, médica do Hospital Universitário Sahlgrenska, doutoranda da Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo e autora principal do estudo.

A pressão arterial elevada pode ter diversas causas, como obesidade, estresse, doença renal e, como mostram os estudos, a irregularidade no sono. A hipertensão é um dos principais fatores de risco para infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).