Vida e Saúde
Justiça condena médico por divulgar que mamografia causa câncer de mama
Lucas Ferreira Mattos, que soma mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais, teve de remover o conteúdo com desinformação e está proibido de fazer novas publicações do tipo
A Justiça Federal de Minas Gerais condenou o médico Lucas Ferreira Mattos, conhecido por reunir mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais, por associar, sem respaldo científico, os exames de mamografia a um aumento nos casos de câncer de mama. Os exames de mamografia são essenciais para o diagnóstico precoce da doença e não causam câncer.
O médico foi obrigado a remover de suas redes sociais todo o conteúdo com desinformação e está proibido de realizar novas publicações semelhantes, seja em suas próprias plataformas ou em perfis de terceiros. O vídeo em que abordava supostos "riscos da mamografia" já acumulava mais de 62 mil visualizações no Instagram até o fim de outubro, além de 12 mil visualizações no Shorts, plataforma de vídeos curtos do YouTube.
No conteúdo, Lucas afirmou que "uma mamografia gera uma radiação para mama equivalente a 200 raios-x, isso aumenta a incidência de câncer de mama por excesso de mamografia", ao responder a uma seguidora que tinha dúvidas sobre o diagnóstico de um nódulo na mama.
Na decisão liminar, o juiz federal responsável destacou que a alegação do médico “não encontra amparo na sedimentada e atual pesquisa sobre o assunto, podendo causar danos a mulheres que venham, inadvertidamente, seguir suas orientações, deixando de consultar seu médico particular e efetuando, se a isso indicada, o questionado exame de mamografia”.
O julgamento decorre de uma ação civil pública ajuizada em março deste ano, fruto de uma parceria entre a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Saúde e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR). A iniciativa integra o projeto “Saúde com Ciência”, que visa promover a integridade da informação sobre saúde pública.
“Estamos celebrando muito esta vitória da nossa AGU, porque é um marco na defesa da vida das mulheres. A advocacia pública acredita que é nosso dever proteger a saúde, enfrentando a desinformação sobre o câncer de mama”, afirmou, em nota, a procuradora-geral da União, Clarice Calixto.
A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), vinculada à Procuradoria-Geral da União (PGU), foi a unidade da AGU responsável pela ação. O jornal O GLOBO tentou contato com o médico, mas ainda não obteve retorno.
Importância da mamografia
A mamografia é o exame utilizado no rastreamento de rotina do câncer de mama. O objetivo é avaliar periodicamente mulheres assintomáticas para identificar precocemente casos da doença e, assim, ampliar as chances de cura.
De acordo com o Ministério da Saúde, todas as mulheres saudáveis entre 50 e 74 anos devem realizar o exame a cada dois anos. Em caso de sinais ou sintomas suspeitos, a mamografia é indicada como exame diagnóstico para mulheres de qualquer idade.
Para mulheres a partir dos 40 anos, entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) também já recomendam o rastreio. No Sistema Único de Saúde (SUS), o exame pode ser realizado nessa faixa etária mediante avaliação conjunta com o profissional de saúde.
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