A explosão registrada no bairro do Tatuapé, em São Paulo, na noite desta quinta-feira (13), destruiu um imóvel, deixou moradores feridos e descobriu no desaparecimento de diversos animais de estimação. Cães e gatos fugiram assustados diante do estrondo e da confusão, cenário semelhante ao observado nas festas de réveillon, quando a queima de fogos provoca pânico entre os animais de estimação, levando muitos a se machucarem ou desaparecerem.

Por que os animais se assustam?

Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), cães e gatos possuem uma capacidade auditiva muito superior à dos humanos. Sons acima de 60 decibéis — equivalente a uma conversa em tom elevado — podem causar estresse físico e psicológico. O ouvido canino, por exemplo, capta frequências mais altas e sons a distâncias até quatro vezes maiores que o ouvido humano, tornando explosões e fogos de artifício momentos de intenso medo e desespero.

O médico-veterinário Daniel Prates, do Distrito Federal, relatou à Agência Brasil casos graves de animais feridos ou até mortos pelo susto. "Já atendi um cão que atravessou uma vidraça durante a queima de fogos, com cacos de vidro cravados no rosto, peito e pescoço. Outro cão morreu de infarto por medo extremo", relatou. Ele alerta ainda que a fuga expõe os animais a riscos adicionais, como atropelamentos.

De acordo com Prates, a principal orientação é manter os animais de estimação próximos aos tutores e em locais seguros durante explosões ou queimaduras de fogo. Animais deixados sozinhos ou em áreas externas ficam mais vulneráveis ​​a fugas e acidentes graves.

A médica-veterinária Kellen Oliveira, presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV, acrescenta que filhotes não socializados corretamente entre 21 e 90 dias de vida podem desenvolver fobias a filhos altos, como fogos e trovoadas. “Animais que não passam por processos de dessensibilização ou contracondicionamento podem sofrer danos físicos ou até morrer”, explicou.

Ainda que leis municipais proíbam incêndios com estampido em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, o barulho persiste em grandes celebrações. Por isso, recomendamos preparar um ambiente acolhedor, com espaços fechados para abafar o som, além de disponibilizar brinquedos e objetos com o cheiro do tutor para reduzir o estresse dos animais.

O CFMV também orienta identificar os animais de estimação com plaquinhas contendo o contato do tutor e, em casos de estresse extremo, buscar orientação veterinária sobre o uso de medicamentos calmantes. A alimentação deve ser ajustada: evite deixar comida disponível o tempo todo, mas ofereça ossos ou brinquedos recheáveis ​​para manter o entretenimento animal.

A explosão no Tatuapé não só destruiu residências e moradores de férias, mas também abrigou cães e gatos pelas ruas. Fred e Mia permaneceram desaparecidos, enquanto Amora foi resgatada por vizinhos. O episódio evidencia como barulhos súbitos e intensos podem causar grande sofrimento aos animais, reforçando a necessidade de cuidados especiais em situações de risco, seja em festas, queimaduras de fogo ou acidentes como os ocorridos em São Paulo.