Vida e Saúde

Mounjaro e Ozempic: os alimentos e hábitos que turbinam naturalmente a ação do GLP- 1, hormônio da saciedade

Com essa sensação de saciedade, a ingestão de alimentos é reduzida, o que pode ajudar na redução do peso

Agência O Globo - 14/11/2025
Mounjaro e Ozempic: os alimentos e hábitos que turbinam naturalmente a ação do GLP- 1, hormônio da saciedade

As canetas emagrecedoras, em poucas palavras, tiram o apetite e fazem emagrecer, mas elas conseguem realizar este feito por serem agonistas do receptor GLP-1, um hormônio que, entre outras ações, atua como um sinal de saciedade, ativando receptores em neurônios aferentes vagais que transmitem sinais do intestino para os centros hipotalâmicos da saciedade, incluindo regiões que regulam o apetite, o gasto energético e a recompensa alimentar.

'Fui médica de mim mesma':

Rolha na geladeira?

Com essa sensação de saciedade, a ingestão de alimentos é reduzida, o que ajuda na redução do peso. Agora, uma nova pesquisa, mostra que existem alimentos e hábitos que podem aumentar o GLP-1 de forma natural no nosso organismo. São elas:

Proteínas

O primeiro dele é com a ingestão de proteínas, por exemplo. Eles estão entre os estimuladores naturais mais potentes da liberação de GLP-1. Após a digestão, aminoácidos e peptídeos ativam receptores sensíveis ao cálcio e receptores acoplados à proteína G nas células L intestinais.

As proteínas do soro do leite e da caseína presentes em produtos lácteos são os que mais desempenham um papel fundamental na promoção da saciedade e na redução dos picos glicêmicos após as refeições.

Em um estudo publicado na revista Nutrients, uma pré-carga de proteína do soro do leite aumentou significativamente a secreção de GLP-1 e peptídeo YY (PYY) em mulheres jovens obesas, reduziu a sensação subjetiva de fome e melhorou as respostas pós-prandiais de glicose e insulina em comparação com um controle de maltodextrina.

Aminoácidos

Aminoácidos, como arginina, leucina e glutamina também são eficazes na estimulação da secreção de GLP-1, ativando receptores gustativos e outros receptores nas células L que influenciam as vias de sinalização do cálcio intracelular e do monofosfato de adenosina cíclico.

Fibra e amido resistente

Alimentos ricos em fibras fermentáveis, como aveia, banana verde, leguminosas e batatas cozidas e resfriadas, demonstraram melhorar a sensação de saciedade e a homeostase da glicose. A administração crônica de propionato no cólon, por exemplo, foi associada à redução do peso corporal e do acúmulo de gordura no fígado em estudos experimentais e em estudos iniciais com humanos.

Gorduras saudáveis

Padrões alimentares que enfatizam gorduras saudáveis, como azeite de oliva, abacate, nozes e ácidos graxos ômega-3, mantêm a atividade do GLP-1 por mais tempo após as refeições do que aqueles ricos em gorduras saturadas, favorecendo assim uma melhor sensibilidade à insulina e controle glicêmico.

Polifenóis

Compostos bioativos de plantas, como a curcumina e o resveratrol, inibem a atividade da DPP-4 in vitro e em modelos animais diabéticos, o que pode prolongar a forma ativa do GLP-1 e contribuir para um melhor controle glicêmico e efeitos modestos sobre o peso em ambientes pré-clínicos.

Esses polifenóis proporcionam benefícios adicionais para a oxidação de gordura, sensibilidade à insulina e equilíbrio da microbiota intestinal, o que reforça ainda mais seu papel na saúde metabólica

Hábitos de estilo de vida que favorecem o GLP-1

Exercícios físicos

Exercícios físicos regulares, sono adequado e uma microbiota intestinal equilibrada modulam a via das incretinas, o que afeta diretamente a saúde metabólica e o controle do peso.

A atividade física, por exemplo, aumenta a secreção de GLP-1. Enquanto os exercícios aeróbicos queimam calorias e reduzem a gordura corporal, os exercícios de resistência com faixas elásticas ou pesos desenvolvem massa muscular magra, o que aumenta a taxa metabólica basal para promover a utilização de energia, mesmo em repouso.

Jejum intermitente

O jejum intermitente promove a perda de peso ao reduzir a ingestão calórica e induzir a mudança metabólica. Ela também ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina e restaurar a responsividade às incretinas ao longo do tempo.

Sono e ritmo circadiano

Dormir uma quantidade de sono adequada (de 7 a 9 horas por noite) é essencial para um controle de peso eficaz, pois regula os hormônios relacionados ao apetite, auxilia a função metabólica e promove a utilização de energia. Por outro lado, dormir pouco pode aumentar o estresse, cansaço, aumentar o apetite, à diminuição da sensibilidade à insulina e à perda preferencial de massa magra em relação à gordura durante dietas.

Dados recentes de um estudo observacional japonês com usuários de semaglutida oral revelaram que dormir mais de seis horas por noite e melhorar a qualidade do sono durante o tratamento foram associados, de forma independente, a maiores chances de alcançar uma perda de peso. Enquanto estresse intenso, jantar tarde da noite após as 21h e dormir até três horas após o jantar foram associados a resultados de perda de peso menos favoráveis

Microbioma intestinal

Cepas probióticas, como Akkermansia muciniphila e espécies de Lactobacillus , têm sido associadas a melhorias na função da barreira intestinal, inflamação sistêmica e marcadores metabólicos, o que podem melhorar, modestamente, medidas antropométricas, perfis lipídicos e, em alguns estudos, aumentar as concentrações de GLP-1.

Ou seja, refeições balanceadas que combinam fibras, proteínas e gorduras saudáveis, que aumentem a microbiota intestinal podem aumentar naturalmente a atividade do GLP-1. Bem como a prática de exercícios físicos regulares.