Vida e Saúde

Dia de Finados: seis orientações para ajudar crianças a enfrentar o luto, segundo psicólogos

Especialistas explicam que, quanto maior a idade, mais intensamente se sente a perda; crianças elaboram o luto de forma diferente

Agência O Globo - 02/11/2025
Dia de Finados: seis orientações para ajudar crianças a enfrentar o luto, segundo psicólogos
Dia de Finados: seis orientações para ajudar crianças a enfrentar o luto, segundo psicólogos - Foto: Reprodução

O Dia de Finados é uma data marcada pela lembrança de quem já partiu. Para muitos, o momento traz à tona memórias tristes, enquanto outros preferem recordar os bons momentos vividos ao lado de quem se foi. Quando ocorre a perda de alguém querido, é comum que os adultos sofram intensamente. Mas, e as crianças, como vivenciam esse processo?

De acordo com especialistas, quanto maior a idade, mais profunda tende a ser a experiência do luto. Por isso, as crianças geralmente sofrem menos que os adultos, embora tudo dependa do grau de proximidade com a pessoa que faleceu.

“As crianças vivem o luto, sim, mas elaboram de uma maneira diferente dos adultos. Enquanto os mais velhos enxergam a ausência como definitiva, a criança pode perceber a perda como algo passageiro”, explica Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental.

Cabe aos adultos ajudar os pequenos a atravessar o luto da forma mais saudável possível. É comum que as crianças apresentem instabilidade emocional após a perda: em um momento, podem estar tristes; em outro, já retomam as brincadeiras e a alegria.

“Às vezes, essas reações não são bem compreendidas. Pode-se pensar que a criança não está de fato vivenciando o luto ou que já superou a perda, quando na verdade ela ainda precisa de apoio e oportunidades para expressar seus sentimentos”, alerta a psicóloga Thalita Martignoni.

Segundo Thalita, a criança pode se tornar mais agressiva ou irritadiça. Em casos de crianças menores, é comum a regressão a comportamentos anteriores, como voltar a fazer xixi na cama ou falar de forma mais infantilizada.

“Se a tristeza começa a afetar o desempenho escolar ou a criança deixa de realizar atividades que antes lhe davam prazer, é um sinal de alerta. Nesses casos, pode ser necessário buscar ajuda profissional”, orienta a psicóloga Livia Marques.

Como ajudar a criança a enfrentar o luto:

1. Conte sobre a morte de forma honesta: É fundamental falar a verdade, adaptando o discurso à idade e compreensão da criança. Não é necessário entrar em detalhes, pois isso pode ser traumático. Evite recorrer a metáforas como “virou uma estrelinha” ou “um anjo”.

2. Esteja disponível para dúvidas: Após a perda, a criança pode ter muitas perguntas. Esteja aberto para responder com paciência e clareza.

3. Acolha os sentimentos: Nos momentos de tristeza, acolha a criança. Mesmo pequena, ela entende o que está acontecendo e merece ter sua dor reconhecida.

4. Demonstre seus próprios sentimentos: As crianças tendem a imitar o comportamento dos adultos ao redor. Não tenha receio de mostrar tristeza ou chorar na frente dela; isso mostra que é natural expressar emoções.

5. Compreenda mudanças de comportamento: Mudanças como irritação, silêncio ou regressão são normais. Algumas crianças podem ficar mais apegadas aos cuidadores, temendo novas perdas. Converse com calma, carinho e reforce que, com o tempo, as coisas vão melhorar.

6. Retome a rotina gradualmente: A rotina é importante para a sensação de segurança. Nos primeiros dias, é normal que a criança não queira ir à escola, mas não permita afastamento prolongado das atividades habituais. O retorno à rotina ajuda na recuperação emocional.