Vida e Saúde

Dormir com cães e gatos: hábito faz bem ou mal à saúde?

Compartilhar a cama pode reduzir o estresse e aliviar a ansiedade, mas também pode afetar a qualidade do sono e aumentar o risco de diferentes infecções

Agência O Globo - 02/11/2025
Dormir com cães e gatos: hábito faz bem ou mal à saúde?
Dormir com cães e gatos: hábito faz bem ou mal à saúde? - Foto: Reprodução

Dividir a cama com cães ou gatos pode trazer benefícios como redução do estresse, alívio da ansiedade e fortalecimento do vínculo entre tutor e animal. No entanto, especialistas alertam que a prática exige cuidados.

O veterinário Pablo Antonio Olmedo explica que dormir ao lado do animal de estimação aumenta os níveis de ocitocina, conhecido como o hormônio do bem-estar, e reduz o cortisol, relacionado ao estresse. "Isso pode melhorar o humor e até facilitar o sono", afirma.

Segundo a Fundação Nacional do Sono e a Associação Americana de Psiquiatria (APA), a presença do pet pode aliviar a ansiedade, diminuir a sensação de solidão e reforçar a segurança, especialmente para quem mora sozinho. "Compartilhar um momento tão íntimo fortalece a confiança e a conexão emocional", acrescenta Olmedo.

Por outro lado, a Academia Americana de Medicina do Sono alerta que cerca de um terço das pessoas que dormem com seus animais relatam interrupções frequentes no sono. Isso ocorre porque cães e gatos têm ciclos de sono diferentes, movimentam-se, roncam ou acordam durante a madrugada, o que pode prejudicar a qualidade do descanso dos tutores.

Há ainda riscos ligados à saúde. Animais podem carregar parasitas, bactérias ou alérgenos, principalmente se não estiverem vacinados ou vermifugados regularmente. Para quem sofre de alergias ou asma, a presença de pelos e caspas na cama pode agravar sintomas como rinite, dermatite e asma. "Os pelos flutuantes e as caspas — minúsculos flocos de pele — podem ser inalados e desencadear reações alérgicas", explica Deborah Lee, da Farmácia Online Dr. Fox.

Ela detalha que, ao inalar partículas de caspa, o sistema imunológico reconhece esses antígenos como uma ameaça, desencadeando reações inflamatórias e sintomas respiratórios. "A histamina liberada pode contrair as vias aéreas e aumentar as secreções brônquicas, dificultando a respiração", ressalta.

Outro ponto de atenção são as pulgas, que podem ser transmitidas dos animais para os humanos. Além disso, pesquisas apontam que 86% dos cães e 32% dos gatos abrigam bactérias do grupo Enterobacteriaceae, como salmonela, E. coli e shigella, capazes de causar gastroenterite em pessoas.

A Clínica Mayo, nos Estados Unidos, destaca que o risco de infecção é baixo quando o animal recebe cuidados veterinários adequados. Ainda assim, recomenda-se manter a higiene do pet e da cama, escovar o animal, lavar os lençóis com frequência e realizar exames veterinários regulares.

Outro aspecto a considerar é a dependência emocional. Dormir junto pode aumentar a ansiedade de separação quando o tutor está ausente. Por isso, alguns especialistas sugerem que o animal tenha sua própria cama no quarto.

No fim das contas, a decisão é individual. O mais importante é ponderar os benefícios e riscos, priorizando sempre o bem-estar e a saúde de todos.