Vida e Saúde

Esses dois medicamentos podem melhorar a saúde do cérebro

Remédios para diabetes conseguiram combater diferentes aspectos do declínio cognitivo leve, quadro frequentemente observado no início do Alzheimer

Agência O Globo - 26/10/2025
Esses dois medicamentos podem melhorar a saúde do cérebro
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Um medicamento para e um spray nasal de insulina, em combinação ou isoladamente, combatem diferentes aspectos do declínio cognitivo leve, de acordo com um estudo publicado na revista científica 's & Dementia. Esse quadro é frequentemente observado no início de demências, como o Alzheimer.

Os dois medicamentos, a empagliflozina, que é utilizada no tratamento do diabetes, e o spray nasal de insulina, que fornece insulina diretamente ao cérebro, foram testados em um estudo clínico realizado nos EUA. Foram incluídos 47 idosos com idades entre 55 e 85 anos, 42 dos quais concluíram o tratamento.

Os participantes tinham diagnóstico de comprometimento cognitivo leve ou demência leve, ou apresentavam bom estado cognitivo, mas tinham sinais de alterações moleculares relacionadas à doença de Alzheimer. Eles receberam empagliflozina isoladamente, o spray de insulina isoladamente, ambos os medicamentos em conjunto ou um placebo, durante quatro semanas.

"Pela primeira vez, descobrimos que a empagliflozina, um medicamento consagrado para diabetes e doenças cardíacas, reduziu os marcadores de lesão cerebral e, ao mesmo tempo, restaurou o fluxo sanguíneo em regiões críticas do cérebro", afirma a neurocientista Suzanne Craft, da Faculdade de Medicina da Universidade Wake Forest, nos EUA. "Também confirmamos que a administração direta de insulina no cérebro com um dispositivo recém-validado melhora a cognição, a saúde neurovascular e a função imunológica."

Como medicamento para diabetes, a empagliflozina melhora a maneira como o corpo processa glicose e sódio. Isso tem muitos outros efeitos, incluindo redução da inflamação e do estresse nas células, melhor eficiência energética e melhora da sensibilidade à insulina.

No estudo, o medicamento demonstrou reduzir os níveis da proteína tau no líquido cefalorraquidiano, uma proteína que sabemos que pode formar aglomerados prejudiciais no cérebro de pacientes com Alzheimer. Também apresentou benefícios em termos de fluxo sanguíneo e níveis de colesterol, além de vários outros biomarcadores associados à progressão do Alzheimer.

Já o spray nasal de insulina foi escolhido porque a resistência à insulina já foi associada ao Alzheimer, e pesquisas anteriores mostram que os efeitos da insulina nas células cerebrais podem ajudar a melhorar as respostas imunológicas, a estrutura da substância branca e o fluxo sanguíneo.

O estudo foi pequeno demais para detectar diferenças estatisticamente significativas entre os grupos (seu principal objetivo era testar a segurança); no entanto, algumas tendências foram observadas. Por exemplo, os participantes que receberam o spray de insulina obtiveram melhores pontuações em testes cognitivos que medem memória e pensamento.

Por meio de exames cerebrais, os pesquisadores observaram benefícios na conectividade da substância branca e no fluxo sanguíneo associado à memória.

"Nosso estudo sugere que direcionar o metabolismo pode mudar o curso da doença de Alzheimer", diz Craft. "Juntas, essas descobertas destacam o metabolismo como uma nova e poderosa fronteira no tratamento do Alzheimer."

Embora sejam necessários mais testes para avaliar a eficácia desses medicamentos na mitigação da doença de Alzheimer, os resultados mostram um equilíbrio encorajador no fortalecimento da forma como o sistema imunológico combate a doença, ao mesmo tempo que reduzem o risco de respostas imunológicas hiperativas que levam à inflamação e aos danos.

"Planejamos desenvolver esses resultados promissores com estudos maiores e mais longos em pessoas com doença de Alzheimer em estágio inicial e pré-clínico", afirma Craft. "Acreditamos que esses tratamentos podem oferecer um potencial terapêutico real, isoladamente ou em combinação com outras terapias para Alzheimer."