Vida e Saúde
‘Injeção inteligente’ mostra promessa no tratamento de câncer avançado de cabeça e pescoço
Nova terapia da Johnson & Johnson e droga experimental da Fulgent Genetics mostram avanços em pacientes com tumores resistentes a tratamentos convencionais

Cientistas do Instituto para Pesquisa do Câncer de Londres, no Reino Unido, apresentaram nesta segunda-feira resultados de uma nova injeção contra casos avançados de câncer de cabeça e pescoço que conseguiu reduzir ou interromper o crescimento dos tumores. Os dados do tratamento, chamado amivantamabe, foram divulgados no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO, da sigla em inglês) 2025.
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O câncer de cabeça e pescoço é o sexto mais comum no mundo e, geralmente, é tratado com cirurgia e radioterapia. Quando a doença já se espalhou ou retornou, porém, são usadas quimioterapias e imunoterapias. Outras alternativas são limitadas para o tratamento da doença.
A nova “injeção inteligente”, o amivantamabe, foi desenvolvida pela farmacêutica Johnson & Johnson e já é aprovada para um tipo específico de câncer de pulmão. Trata-se de um anticorpo monoclonal biespecífico, ou seja, que se liga em duas moléculas do tumor. Dessa forma, além de estimular o sistema imune para atacar o câncer, ele também bloqueia a proteína EGFR, que favorece o crescimento do tumor, a via MET, que células cancerígenas usam para escapar do tratamento.
Os testes, de fase 1/2, foram conduzidos em 55 centros de pesquisa de 11 países. Neles, a injeção foi testada de forma isolada ou em combinação com outros medicamentos para pacientes com carcinoma espinocelular recorrente ou metastático de cabeça e pescoço, um tipo de difícil tratamento e que costuma retornar após as terapias convencionais.
Os resultados indicaram que 76% dos pacientes tiveram benefício clínico com a terapia, o que significa que o câncer diminuiu ou parou de crescer após a injeção. As respostas foram observadas, em média, dentro de seis semanas, e a terapia foi bem tolerada, com a maioria dos efeitos colaterais classificados como leves a moderados. A sobrevida livre de progressão média dos pacientes foi de 6,8 meses.
Luan Pereira:
“É a primeira vez que testamos esse tipo de terapia de ação tripla em pacientes com câncer de cabeça e pescoço cuja doença retornou após o tratamento. O amivantamabe é um medicamento ‘inteligente’ que não apenas bloqueia duas vias-chave do câncer, mas também ajuda o sistema imunológico a cumprir seu papel”, diz Kevin Harrington, professor de terapias biológicas contra o câncer no instituto britânico, em nota.
Os pesquisadores esperam que a injeção possa se tornar em breve uma nova opção para pacientes com poucas alternativas de tratamento. Harrington ressalta, por exemplo, a sua facilidade de aplicação:
“Diferentemente de muitos tratamentos oncológicos que exigem horas em uma cadeira de hospital, o amivantamabe é administrado por injeção sob a pele. Isso o torna mais rápido, conveniente e potencialmente mais fácil de aplicar em clínicas ambulatoriais. Ver esse nível de benefício em pacientes que já passaram por inúmeros tratamentos é extremamente encorajador. Isso pode representar uma verdadeira mudança na forma como tratamos o câncer de cabeça e pescoço, não apenas em termos de eficácia, mas também na forma de oferecer o cuidado”.
Carl Walsh, de 59 anos, morador de Birmingham, foi diagnosticado com câncer de língua em maio de 2024. Ele ingressou no estudo em julho deste ano e conta como o tratamento tem melhorado a sua qualidade de vida:
“A quimioterapia foi minha primeira opção de tratamento, mas infelizmente não teve sucesso. Depois tentei a imunoterapia, mas ela também não funcionou tão bem quanto esperávamos. Após isso, recomendaram que eu participasse do estudo. Estou no meu sétimo ciclo de tratamento, está funcionando bem até agora e estou muito feliz com o progresso”, afirma.
Ele conta que, antes de começar o estudo, não conseguia falar ou comer com facilidade. Agora, porém, o inchaço e as dores diminuíram. Carl diz que “às vezes até esqueço que tenho câncer”.
Outra injeção tem bons resultados
Também nesta segunda-feira, a empresa Fulgent Genetics divulgou dados preliminares de testes de fase 2 de uma combinação de um novo medicamento chamado FID-007 com um outro remédio já usado para pacientes com o carcinoma espinocelular recorrente ou metastático de cabeça e pescoço.
Entrevista:
Entre 35 pacientes avaliados, houve uma resposta em 51% deles. A sobrevida livre de progressão média dos pacientes foi de 7,8 meses. O medicamento também foi bem tolerado.
O FID-007 é um novo tipo de quimioterapia que usa nanopartículas para levar o remédio diretamente ao tumor, aumentando a eficácia e reduzindo os efeitos colaterais.
“Estamos encorajados pelo avanço constante do FID-007 em indicações oncológicas até o momento, enquanto nosso negócio de diagnósticos de precisão continua a impulsionar o crescimento da empresa como principal fonte de receita”, diz Ming Hsieh, presidente e CEO da Fulgent Genetics e cofundador da Fulgent Therapeutics.
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