Variedades
Reynaldo Gianecchini e Bruno Fagundes estrelam peça 'para maratonar' com temática LGBTQIA+: 'Desta vez, é o mocinho e o mocinho'
'A herança' é dividida em duas partes de três horas e conquistou corações em São Paulo com mais de 25 mil espectadores
Quem nunca se pegou gostando tanto de uma série que acabou maratonando? Agora, o público do Rio pode viver essa experiência no teatro. “A herança”, peça dividida em duas partes de três horas, conquistou corações em São Paulo, com mais de 25 mil espectadores, e se prepara para encantar o público da Cidade Maravilhosa, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, a partir da próxima quinta-feira. Nessa jornada, Bruno Fagundes e Reynaldo Gianecchini se unem a outros dez atores para viajar por gerações, desde os anos 1980, durante a epidemia de HIV, até os dias de hoje. É um mergulho profundo no universo LGBTQIA+. Numa era de entretenimento instantâneo, o espetáculo convida o espectador a separar uma noite inteira para a história sobre relações e todas as questões que as envolvem. Gianecchini destaca o diferencial:
— Geralmente, o público esta acostumado com as narrativas do mocinho e da mocinha trazendo todos os sentimentos que existem numa relação. Desta vez, é o mocinho e o mocinho. É muito bonito falar de sentimentos, mas com um olhar que a gente quase não vê por aí — explica o ator, emendando: — Toda vez que tem um beijo gay na TV, vira um assunto polêmico e eu penso: “Jura que vocês ainda estão discutindo isso depois de tudo o que a gente andou?”. Na peça, a gente parte do ponto de que está todo mundo bem resolvido.
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A montagem questiona, entre outras coisas, o que uma geração deixa de herança para a próxima. No meio disso, encanta a todos.
— Após a peça, fazemos um bate-papo com a plateia, que dá depoimentos lindíssimos. Vão desde pessoas da comunidade LGBT que sofreram violências até mães que falam que foi difícil aceitar e que hoje estão felizes por conseguirem ver a beleza do filho. Temos depoimentos de casais héteros que pensaram que não iriam se identificar com nada e se identificaram com tudo. Afinal de contas, a gente está falando de sentimentos comuns a todos — frisa Gianecchini.
Além de ser um dos protagonistas, Bruno Fagundes foi quem resolveu trazer a peça da Broadway, considerada o melhor texto de teatro do século 21 pelo jornal britânico “The guardian”, para o Brasil. Namorando o ator Igor Fernandez, ele afirma que a temática LGBT foi apenas um dos detalhes que o fizeram gostar do espetáculo:
— Quando eu assisti à peça, fui arrebatado. Ela une entretenimento, reflexão, emociona e ainda consegue, de certa forma, transformar um pouco a realidade à sua volta — diz Bruno, que completa: — Além de tudo isso, a peça foi ao encontro de uma questão pessoal minha. Aí é mais gostoso ainda. O que a gente está fazendo é uma ocupação de espaço, se colocando no palco com coragem, naturalizando as existências LGBT, trazendo o público mais conservador para a discussão. Ao lutar por uma sociedade menos homofóbica, a gente luta por uma sociedade melhor.
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Giane também destaca a importância do projeto para a sua própria vida:
— Quando Bruno me convidou, achei o texto mais lindo de teatro que li, sem dúvida alguma. Isso, por si só, já seria um bom motivo para aceitar. Mas eu queria ter essa experiência de contar essa história da comunidade LGBT. Vai ser muito rico para minha vida pessoal — afirma ele, que já disse ter a sexualidade fluida e está solteiro: — Para eu me relacionar, tem que ser um encontro incrível, desde a parte física até o caráter, passando por escolhas e momentos de vida compatíveis. Se as coisas não batem, prefiro ficar sozinho. Gosto da vida de solteiro, está muito bom.
E se a proposta é fazer o público maratonar a peça, os atores também encaram quase que uma maratona no palco.
— O dia da peça é praticamente sagrado. A gente tem que se preparar muito, se alimentar e dormir bem. O cansaço é mais mental do que físico — diz Bruno.
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Giane conta como é sua preparação para sustentar a energia por tanto tempo ao vivo em cima de um palco:
— Além de aquecer o corpo, o mais importante é comer direitinho imediatamente antes de começar. Se você não come, dá fome no meio da apresentação. Tem dia que dá um certo desespero (risos).
“Minha família está orgulhosa. Todo mundo já viu’’
Nos bastidores, foram dois meses de ensaios para levantar seis horas de peça. Mas como em todas as grandes histórias do teatro, também teve perrengue:
— A gente não teve descanso. Era de segunda a sábado, 12 horas por dia. Cada um decorando uma quantidade insana de texto. Um dia antes da estreia, teve um ensaio, e o Rafael (Primot) quebrou o pé. Isso foi só a cereja do bolo! Mas sempre dá certo no final, isso que é o mais bonito — afirma Bruno, que já viu a família toda, como o pai Antonio Fagundes, e os amigos, irem assistir ao seu trabalho: — Minha família está orgulhosa. Meu pai está superentusiasmado. Ele me ensinou muito sobre teatro e está me vendo realizar esse trabalho ambicioso. Todo mundo já viu.
‘Garotada hoje é alienada, não se previne’
Na peça, o personagem de Gianecchini é LGBT e conservador. Além disso, passou por momentos marcantes na vida, como ver surgir o vírus HIV.
— Ele traz esse grande trauma de ver amigos e amantes mortos no começo da epidemia de HIV, quando havia um governo negacionista. A geração do meu personagem sofreu horrores e teve que brigar muito para o governo garantir os direitos de todo mundo à saúde, não só dos homossexuais. Tive que fazer essa pesquisa porque meu personagem viveu essas dores, eu tive que entendê-las. Hoje, a garotada é alienada, não tem noção do que foi. Tem muitos que não se previnem. Quando comecei a minha vida sexual, não tinha a menor possibilidade de não ser com camisinha’.
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