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Zé Celso Martinez morre aos 86 anos

Dramaturgo, homenageado pela lista Forbes 50 Over 50 deste ano, não resistiu aos ferimentos causados por um incêndio em seu apartamento

Redação 06/07/2023
Zé Celso Martinez morre aos 86 anos
Zé Celso morreu após um incêndio no apartamento em que morava, em São Paulo - Foto: Bob Sousa

José Celso Martinez Corrêa, ou apenas Zé Celso, morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, após um incêndio no apartamento em que morava em São Paulo (SP). A informação foi confirmada por amigos do diretor, ator e dramaturgo, que havia sido homenageado pela lista Forbes 50 Over 50 no início deste mês.

Veja fotos de Zé Celso:

Zé Celso e o marido, Marcelo Drummond - Foto: Bob Sousa

Foto: Bob Sousa

Zé Celso em 2010 - Foto: Garapa - Coletivo Multimídia/Flick

Foto: Natalia Bezerra/Flickr

Com dezenas de prêmios no currículo, como APCA e Shell, além de ter dirigido e atuado em peças emblemáticas da dramaturgia nacional, Zé Celso era um dos maiores nomes do teatro brasileiro e o cérebro por trás do Teatro Oficina, uma das mais importantes companhias de teatro do Brasil.

Vida e obra


Zé Celso nasceu em 1937, em Araraquara, interior de São Paulo. Formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, mas não seguiu a carreira de advogado. O interesse pelas artes existia desde criança, mas foi durante a faculdade de direito que ele passou a estudar métodos de atuação, mais especificamente do russo Constantin Stanislavski, e que conheceu Renato Borghi, com quem, junto a outros colegas, fundaria em 1958 o Teatro Oficina.

A peça de estreia do teatro, “Vento Forte para Papagaio Subir”, aconteceu ainda em 1958 e foi escrita pelo próprio Zé Celso. Mas foi em 1967 que montou seu espetáculo mais emblemático: “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, que, por sua estética e crítica política, é considerado um marco na história do teatro.

Nessa época, quando o Brasil vivia o início do regime militar, o Oficina chamou atenção por suas atuações inovadoras, de forte interação com o público e críticas sociais. Zé Celso foi censurado, preso e torturado e, em 1974, exilou-se em Portugal, onde recompôs o Oficina-Samba e apresentou espetáculos. Em seguida, foi para Moçambique, onde realizou o filme “25”, sobre a independência daquele país, e, em 1978, voltou a São Paulo. Em 1991, retornou à cena em “As Boas”, de Jean Genet. “Os Pequenos Burgueses”, “Roda Viva”, “Os Sertões”, “As Bacantes”, “Na Selva das Cidades” são outras obras que marcaram a carreira do dramaturgo.

Zé Celso havia se casado em junho com Marcelo Drummond, com quem viveu por 37 anos, e, antes de morrer, planejava a adaptação do livro “A Queda do Céu”, “soprado” pelo xamã ianomâmi Davi Kopenawa ao etnólogo francês Bruce Albert.