Variedades
Em ‘Ela Disse’, a coragem que pode valer um Oscar
É filme de Oscar, mas ainda é cedo para cravar se Carey Mulligan ganhará sua terceira indicação para o prêmio da Academia por Ela Disse. O possível empecilho é o fato de ela ser uma das duas protagonistas do longa de Maria Schrader que estreia nesta quinta, 8, nos cinemas brasileiros. E aparecer em cena tanto tempo quanto Zoe Kazan. As duas teriam de ser indicadas, e a candidatura de uma inviabilizaria a da outra.
São ótimas. Interpretam Megan Twohey e Jodi Kantor, as repórteres do The New York Times que levantaram os dados da grande reportagem que expôs Harvey Weinstein como predador sexual. Na trilha aberta por elas surgiu o movimento #SheSaid, #ElaDisse. Como diz uma das possíveis testemunhas, o problema não era só Weinstein, mas o machismo estrutural de um sistema jurídico formatado para silenciar as vítimas.
CONSPIRAÇÃO
Tudo começa com uma reportagem de Megan sobre o comportamento tóxico do então candidato Donald Trump em relação às mulheres. No caso de Weinstein, Megan e Jodi precisam desatar o nó de uma verdadeira conspiração do silêncio. Não apenas alguns casos foram resolvidos em acordos financeiros, como havia o medo de muitas mulheres de não poderem seguir carreira na indústria se enfrentassem o poderoso dono da Miramax. Gwyneth Paltrow é citada, mas quem aparece é Ashley Judd. Conta como sua carreira foi arruinada só por ter dito “não” a Weinstein.
Ela Disse – o filme – confirma o status de Brad Pitt como produtor. Considerado como “case”, Ela Disse é muito interessante por uma particularidade – sendo um filme sobre mulheres que rompem o silêncio para afirmar sua voz, Brad e a diretora Maria Schrader reuniram uma equipe predominantemente feminina.
Se há dúvidas se Carey e Zoe conseguirão indicações para melhor atriz, é muito provável que Patricia Clarkson, a editora, seja indicada.
E aí se chega ao xis da questão: Ela Disse é, no limite, sobre imprensa. Os dois temas – abuso e imprensa – não teriam essa força se Ela Disse não fosse também bom cinema. Maria Schrader com certeza viu The Post – A Guerra Secreta, de Steven Spielberg. Certas similaridades são inevitáveis nos dois filmes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Luiz Carlos Merten, especial para o Estadão
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