Os roubos de veículos apresentaram novas tendências no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Um novo epicentro de ocorrências surgiu: se, em 2024, os casos cresceram principalmente na Grande Jacarepaguá, impulsionados pela intensificação dos confrontos entre tráfico e milícia, agora, com a estabilização do território, os maiores aumentos se concentram em um corredor de sete bairros, num raio de quatro quilômetros, que vai de Água Santa, na Zona Norte, até Vila Valqueire, na Zona Sudoeste.

Segundo a polícia, a área abriga favelas com histórico recente de conflitos entre o Comando Vermelho (CV) e seus rivais do Terceiro Comando Puro (TCP), como o Morro do Dezoito, o Cajueiro, o Morro do Fubá e o Complexo da Serrinha. Disputas territoriais tendem a fomentar roubos de carros, utilizados posteriormente nas guerras entre facções. Em seis desses bairros, os registros ao menos dobraram, como em Turiaçu, com alta de 266%, e em Tomás Coelho, onde os casos cresceram 157%.

Apesar desse movimento, a cidade do Rio registrou queda de 15% nos roubos de veículos nos primeiros seis meses de 2025 (de 7.818 para 6.600 registros). A região com as maiores retrações foi a Grande Tijuca, com destaque para Vila Isabel (queda de 43%, de 62 para 35), Maracanã (70%, de 105 para 31) e Andaraí (64%, de 59 para 21).

O arrefecimento da guerra entre o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP) pelo Morro dos Macacos, em Vila Isabel — cujo ápice ocorreu em 2024 —, é apontado como o principal motivo da diminuição dos casos nessas áreas.

Mapa do Crime: ferramenta inédita detalha roubos por bairro

Para responder perguntas como: quais são os bairros mais perigosos do Rio e de Niterói? Onde os roubos avançaram? Qual é o horário menos seguro para caminhar pela vizinhança? — foi desenvolvido o Mapa do Crime, uma ferramenta interativa de monitoramento de roubos com dados inéditos por bairro.

Após o lançamento da primeira edição em 2024, agora a segunda edição da plataforma traz dados do primeiro semestre de 2025, abrangendo quatro crimes diferentes — roubos de celular, a transeunte, de veículo e em coletivo — em 147 bairros da capital fluminense, além de 51 bairros de Niterói.

A ferramenta foi produzida a partir de microdados obtidos via Lei de Acesso à Informação junto ao Instituto de Segurança Pública (ISP). O órgão, responsável por compilar estatísticas de segurança no estado, divulga mensalmente indicadores por áreas de batalhões e delegacias, que abrangem, na maioria dos casos, vários bairros. Para entender dinâmicas criminais hiperlocais, foram solicitados dados mais precisos de localização dos crimes, resultando em informações sobre os bairros onde cada ocorrência foi registrada, a menor unidade territorial disponibilizada pelo ISP. É a primeira vez que indicadores criminais no Rio são divulgados com esse nível de detalhamento.