A crise na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), provocada pela prisão e pelo afastamento do deputado Rodrigo Bacellar (União) do comando do Legislativo fluminense por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou impactos além do cenário político. Deputados já planejavam a tradicional festa de fim de ano, organizada pela Mesa Diretora, que estava marcada para a próxima quinta-feira, no Campo de Golfe Olímpico, na Barra da Tijuca. Nos bastidores, circulava a informação de que o cantor Belo poderia ser uma das atrações do evento.

O clima de incerteza tomou conta da Casa, principalmente diante da disputa pela sucessão de Rodrigo Bacellar. “O plano de trabalho traçado com Bacellar era para votarmos a autorização para que o Rio possa aderir ao Propag (novo programa de refinanciamento de dívidas dos estados com a União), o orçamento de 2026 e as contas do governador Cláudio Castro (PL) de 2022 e 2023 até a próxima quarta-feira (17), para encerrar os trabalhos em 2025. A realidade é que ninguém tem mais cabeça para pensar em festa. Seria até estranho manter a comemoração”, relatou um deputado.

Bacellar foi preso e afastado do cargo por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no último dia 3, durante a Operação Unha e Carne, conduzida pela Polícia Federal. De acordo com a PF, o parlamentar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, quando o então deputado estadual TH Joias foi detido sob a acusação de ligação com o Comando Vermelho. Os deputados decidiram revogar a prisão de Bacellar, mas ainda não deliberaram sobre o afastamento definitivo do comando da Casa. Nesta quarta-feira, o deputado solicitou uma licença de dez dias, período que antecede o recesso parlamentar.

A confraternização previa que cada parlamentar teria direito a uma cota de convites, podendo pagar à parte caso desejasse levar mais convidados. Além desse evento, outra reunião festiva também foi cancelada: os chefes de gabinete dos deputados planejavam se encontrar na quinta-feira em uma galeteria próxima à Alerj, em formato de “comanda individual e pessoal”, ou seja, cada um arcaria com seus próprios custos.

“Como todos sabem, não há clima para qualquer tipo de comemoração, portanto está cancelada nossa confraternização. Agradeço imensamente a compreensão de todos”, comunicou um dos organizadores em um grupo de mensagens que reúne assessores da Alerj.