RJ em Foco
Bacellar admite conversa com TH Jóias antes de operação da PF: 'Só me preocuparia com a tua filha'
Ao delegado da Polícia Federal, presidente da Alerj negou ter informado o deputado sobre a ação, mas confirmou que foi procurado por ele para tratar do assunto.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), admitiu em depoimento à Polícia Federal que conversou com o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, na véspera da operação que tinha o parlamentar como alvo. A informação foi revelada pelo programa Fantástico, que exibiu trechos do depoimento prestado na sede da PF no Rio, onde Bacellar permanece preso. Ao delegado, Bacellar negou ter informado o deputado sobre a ação, mas afirmou que foi procurado por ele para conversar sobre o assunto.
Segundo Bacellar, na véspera da operação realizada em 3 de setembro, TH Jóias o abordou no Palácio Tiradentes e pediu para conversar reservadamente.
"E ele vai lá na Tiradentes, pede para falar comigo sozinho, no canto, me fala aquilo que relatei com o senhor -- você está sabendo de alguma coisa de operação amanhã para mim? Eu falei: eu não estou sabendo nada. Estava uma fofocada na casa já há três dias, que vai ter algum problema essa semana para um deputado. [...] Vocês sabem melhor do que ninguém que eu nunca ligaria para alguém até por boa relação institucional para perguntar ou tentar constranger alguém na função pública e falar: me diz se vai ter uma operação, mas tá uma fofocada. Onde há fumaça há fogo", relatou Bacellar à PF.
Em seguida, ele contou o que respondeu ao deputado: "Aí ele fala assim: Não, beleza. Eu não sei o que eu faço, não sei se eu vou embora. Falei: aí é com você. Eu, se eu estou no seu lugar, só me preocuparia com a tua filha pequena, entendeu? Agora você tem que saber o que faz ou o que deixa de fazer. Você vive insistindo para mim que não tem nada!", disse Bacellar.
Bacellar foi preso na última quarta-feira pela Polícia Federal, acusado de obstrução à investigação, sob suspeita de vazar informações sobre a operação contra o deputado estadual TH Jóias. Segundo relatório da PF, Bacellar teria avisado o parlamentar sobre a prisão e orientado sobre a eliminação de evidências, como apagar dados do celular.
TH Jóias responde a processos por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, além de ser suspeito de intermediar negociações de armas com o Comando Vermelho (CV). A prisão foi decretada por um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso tramita.
Operação Zargun
Em 3 de setembro, TH Jóias foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, acusado de tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas para o Comando Vermelho. Segundo a investigação, o deputado utilizava o mandato na Alerj para favorecer o crime organizado, sendo acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão. Ele também teria indicado a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso — para um cargo parlamentar.
Na ocasião, foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva, dos quais 15 foram cumpridos, além de 22 de busca e apreensão, com ações em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia (Zona Oeste) e Copacabana (Zona Sul). Na Alerj, policiais federais e procuradores recolheram um malote com apreensões.
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