Moradores de Niterói viveram uma madrugada de pânico, entre 22h desta sexta-feira (5) e 3h de sábado (6), quando longas rajadas de tiros ecoaram por diversos bairros. Disparos intensos foram registrados nas comunidades do Fonseca, incluindo Palmeira, Santo Cristo, Pimba e Coreia, além de Engenhoca e Barreto. No Centro e no Ingá, moradores também relataram barulho de tiros vindo do Morro do Estado.

Vídeos que circularam nas redes sociais mostravam sequências contínuas de disparos, acompanhadas de gritos e estouros que se estenderam por quase cinco horas. Ainda não há informações sobre feridos, mas é possível ver marcas de tiros em condomínios vizinhos.

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Segundo o coronel Leonardo de Oliveira, comandante do 12º BPM (Niterói, a Polícia Militar reforçou desde sexta-feira (5) as operações nas comunidades do Fonseca diante do avanço da disputa entre facções. O comandante disse que há indícios de que criminosos do Comando Vermelho (CV) de São Gonçalo, “principalmente do Morro do Castro e adjacências”, tenham se deslocado para Niterói para reforçar áreas dominadas pela facção, acirrando a disputa com o Terceiro Comando Puro (TCP).

— Estão sendo realizados monitoramentos de inteligência, e as Equipes de Ações Táticas (GATs) dos batalhões de Niterói e São Gonçalo efetuam incursões nas comunidades para capturar criminosos ontem e hoje — afirmou.

Mesmo com relatos de tiros no Morro do Estado, Oliveira afirmou que não há confirmação de confrontos no local.

— Os bandidos têm o costume de dar disparos para cima. Eles fazem isso para demonstrar força, uma espécie de seguro para mostrar que o território é deles, por isso dá para ouvir rajadas — explicou.

Os episódios desta madrugada acontecem menos de duas semanas , quando um homem foi morto, dois suspeitos foram presos e armas de grosso calibre foram apreendidas. A ofensiva acentuou a instabilidade na região, que já vivia dias de tensão.

A bancária Cristiane Silveira, que mora em um condomínio vizinho às comunidades do Fonseca, descreveu a madrugada como “a pior desde 2015”. Ela afirma que o pânico tomou conta do condomínio.

— O tiroteio começou por volta de 22h. Parecia guerra. Do meu quarto dava para ouvir xingamentos, ameaças, tiros vindo de todos os lados. Tivemos que dormir na sala. Anos atrás, a parede do meu quarto já foi atingida por disparos. Estou desesperada. Minha filha chorava, pedindo para dormir no quarto dela. Muita gente dormiu no corredor, porque os apartamentos virados para a comunidade não têm proteção. Ninguém pregou o olho. Achávamos que parava, começava de novo. Foi assim até 3h da manhã. Teve gente que precisou ficar no Rio com medo de tomar tiro na rua. Se aqui já foi esse terror, imagina para quem mora dentro da comunidade. Fiquei com pena de verdade — relatou.

Uma moradora da comunidade da Palmeira, que não quis se identificar, disse que os tiros começaram às 21h e cessaram por volta de meia-noite.

— Parecia cena de filme de guerra, tivemos que nos abaixar dentro de casa pois tinha risco de bala perdida. Inclusive, atingiram a parede do meu quarto pelo lado de fora. Agora temos que tomar cuidado com tudo, fica difícil sair de casa porque a qualquer momento pode estourar e o tiroteio começar novamente — disse.

Ainda de acordo com a moradora da Palmeira, os moradores temem ser assaltados, já que a movimentação está maior nos últimos dias, aumentando o risco desse tipo de crime:

— A gente fica no meio dessa guerra sem saber a quem recorrer.

A reportagem segue acompanhando o caso e atualiza este texto conforme novas informações forem confirmadas pela Polícia Militar.