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Tragédia no Maracanã: servidor do Cefet que matou colegas carregava mais de 50 munições

Layse Costa Pinheiro e Allane de Souza Pedrotti Matos foram assassinadas na última sexta-feira por um colega de trabalho no Cefet

Agência O Globo - 01/12/2025
Tragédia no Maracanã: servidor do Cefet que matou colegas carregava mais de 50 munições
luto - Foto: Ilustração IA

Em clima de comoção, amigos e familiares se despediram neste fim de semana de Layse Costa Pinheiro e Allane de Souza Pedrotti Matos, mortas na última sexta-feira (14) dentro do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no bairro do Maracanã, Rio de Janeiro. O crime foi cometido por um colega de trabalho das vítimas.

A deputada estadual Elika Takimoto (PT), professora licenciada da instituição desde 2022, compareceu aos velórios e, abalada, relatou a preocupação com o retorno de docentes e alunos ao Cefet. Segundo a parlamentar, testemunhas afirmaram que o atirador, João Antônio Miranda Tello Gonçalves, portava ao menos mais 50 projéteis em sua mochila, além de apresentar histórico de comportamento agressivo com mulheres. A Polícia Civil, procurada pela reportagem, não forneceu informações sobre o andamento das investigações.

“Esse caso envolve uma questão social muito séria, que é a misoginia. Diversos servidores do Cefet descreveram o atirador como uma pessoa violenta e ríspida no trato com mulheres. Mesmo com catracas ou detectores de metais, ele poderia ter feito o que fez, pois já estava decidido. Se não fosse na escola, poderia ser fora dela. Foram encontradas mais de 50 munições com ele. Não estamos alheios a crimes como esse, comuns em países como os EUA. Como voltar à instituição depois de uma tragédia dessa? Todos estão abalados”, declarou Elika Takimoto.

João Antônio estava afastado do trabalho havia 60 dias após acusar uma colega de perseguição — o processo administrativo concluiu que a denúncia não procedia. Nas redes sociais, a cantora Elisa Maia, amiga de Allane, questionou o retorno do agressor à unidade: “Por que ele voltou ao trabalho? Onde está o nome do psiquiatra que deu o laudo para ele voltar ao trabalho?”, escreveu. Após atirar nas duas servidoras, João Antônio tirou a própria vida.

A irmã de Allane, Alline Algaravia, fez um apelo emocionado nas redes sociais: “A minha irmã era uma pessoa cheia de sonhos, batalhadora, trabalhadora... Orem e rezem por ela, para ela fazer uma boa passagem, e a luta das mulheres continua. Eu estou me mantendo forte pela minha sobrinha. Conto muito com o carinho e amor das pessoas próximas, porque vou precisar”. Allane deixa uma filha de 13 anos.

O enterro de Allane ocorreu no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, enquanto Layse foi sepultada no Cemitério São João Batista, em Botafogo.