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Mortalidade por câncer cresce no Rio e é puxada por tumores de pulmão, mama, próstata e colorretal
Indicadores do Ministério da Saúde mostram que esses quatro tipos de câncer concentram as maiores taxas de mortalidade entre 30 e 69 anos no RJ
Na semana em que se celebrou o Dia Nacional de Combate ao Câncer, na última quinta-feira, dados mostram que as taxas de mortalidade pelos diferentes tipos da doença permanecem elevadas no Estado do Rio de Janeiro, concentrando-se em quatro tumores principais: pulmão, mama, próstata e colorretal. Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Em 2023, o câncer de pulmão registrou taxa de 12,4 óbitos por cem mil homens e 13,4 óbitos por cem mil mulheres; já o câncer de mama, exclusivamente feminino, chegou a 32,5 óbitos por cem mil. No caso do tumor colorretal, a taxa foi de 8,3 entre homens e 7,4 entre mulheres. Entre os homens, o câncer de próstata apresentou taxa de 9,3 óbitos por cem mil habitantes.
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De 2018 para 2023, o câncer de pulmão aumentou em homens (11,8 por cem mil habitantes para 12,4) e colorretal subiu entre as mulheres (de 5,3 para 7,4), por exemplo. Já de 2022 para 2023, o de próstata subiu de 8,6 para 9,3 em homens. De acordo com especialistas, os dados mostram que não há redução consistente nos principais tumores; eles continuam entre as maiores causas de morte e com comportamento muito semelhante ao longo da década, explicam.
Os dados mais recentes disponíveis são de 2023, porque o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) trabalha com defasagem técnica de um a dois anos. As declarações de óbito passam por etapas de codificação, revisão e consolidação municipal, estadual e federal antes de serem validadas. Por isso, os números referentes a 2024 e 2025 ainda não estão fechados e não podem ser considerados oficiais.
O comportamento se mantém estável ao longo da última década. Desde 2013, os tumores de pulmão, mama, próstata e colorretal aparecem no topo das taxas de mortalidade no estado, reforçando que o diagnóstico frequentemente ocorre em fases avançadas da doença.
Demora no diagnóstico
A oncologista clínica Clarissa Baldotto, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e referência internacional em câncer de pulmão, destaca que o tumor pulmonar permanece como um dos mais letais justamente porque chega tarde ao consultório.
— Mais de 70% dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em estágio avançado. Isso reduz drasticamente as chances de cura e limita as opções terapêuticas. É uma doença que exige vigilância constante, especialmente quando há sintomas persistentes — afirma.
Além da alta mortalidade associada ao pulmão, os dados também apontam taxas preocupantes em mama, próstata e colorretal. Nos três, o diagnóstico precoce depende de acesso rápido a exames, consultas e rastreamento organizado.
Para o cirurgião oncológico Felipe Conde, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, a combinação entre demora para investigar sintomas e barreiras de acesso à rede é determinante para a mortalidade elevada.
— Quando um tumor de intestino, estômago ou colorretal chega tardiamente, as chances de abordagem curativa diminuem muito. Na cirurgia oncológica, cada mês conta e, em alguns casos, cada semana — explica.
Os tumores colorretais, por exemplo, frequentemente surgem após sintomas que podem ser confundidos com queixas comuns, como alteração no hábito intestinal, anemia sem explicação ou dor abdominal recorrente. Já no câncer de mama, embora haja oferta de mamografia, a taxa de mortalidade permanece alta, reflexo de atrasos na investigação e dificuldade de acesso ao exame em algumas regiões do estado.
Especialistas destacam que o Estado do Rio de Janeiro tem avançado na estruturação da linha de cuidado oncológico, mas ainda enfrenta desigualdades importantes. A oferta de exames, o tempo até a confirmação diagnóstica e a velocidade do início do tratamento são apontados como os principais fatores que podem reduzir a mortalidade nos tumores mais incidentes.
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