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'Tem que ir para um lugar deserto', diz PM flagrado com fuzil durante megaoperação no Rio; agente é preso em ação da Corregedoria

Cinco policiais do Batalhão de Choque foram presos nesta sexta-feira por suspeita de crimes durante operação que deixou 122 mortos

Agência O Globo - 28/11/2025
'Tem que ir para um lugar deserto', diz PM flagrado com fuzil durante megaoperação no Rio; agente é preso em ação da Corregedoria
Polícia Militar - Foto: Reprodução

A Corregedoria da Polícia Militar prendeu, na manhã desta sexta-feira, cinco agentes do Batalhão de Choque suspeitos de envolvimento em crimes durante a megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A ação, ocorrida em 28 de outubro, resultou em 122 mortos, incluindo cinco policiais, e foi a operação de segurança mais letal já registrada no estado. Um mês após o episódio, a investigação interna levou à prisão dos suspeitos.

Imagens obtidas pela investigação mostram o sargento Diogo da Silva Souza recolhendo um fuzil do chão, arma que não foi oficialmente apresentada ao batalhão. As gravações também revelam diálogos entre os policiais sugerindo tentativa de ocultação do armamento. Em conversa, Souza afirma: “tem que ir para um lugar deserto, colocar na caçamba”. O PM Eduardo de Oliveira Coutinho responde: “eu vou montar é novamente”, e Souza completa: “lá pra cima, umas ruas desertas dessas aí”.

Além de Souza e Coutinho, foram presos o subtenente Marcelo Luiz do Amaral e os sargentos Charles William Gomes dos Santos e Marcus Vinicius Ferreira Silva Vieira.

Os policiais também foram filmados próximos a um veículo dentro da comunidade. Em uma das gravações, Coutinho manipula um carro e comenta: “estou precisando bem de um farol”. Em outro momento, ele se aproxima do subtenente Amaral e diz: “tem uma pecinha aqui que eu preciso”, ao que Amaral responde: “a hora é essa”.

Câmeras corporais flagraram Coutinho retirando a tampa de cobertura do motor, o farol dianteiro e capas de retrovisores, materiais que teriam sido colocados na viatura com o conhecimento do subtenente Amaral.

Além das prisões, a Corregedoria cumpre outros dez mandados de busca e apreensão. Os policiais do Choque são investigados pela 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).

Em nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar afirmou que a operação desta sexta-feira é resultado das análises internas e reforçou que a corporação “não compactua com possíveis desvios de conduta ou cometimento de crimes praticados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos”.

A megaoperação de 28 de outubro mobilizou efetivos das polícias Civil e Militar e gerou questionamentos de entidades de direitos humanos e de moradores diante do elevado número de mortos. As apurações internas agora buscam esclarecer excessos e ilícitos cometidos por agentes envolvidos na ação.