RJ em Foco
Pastor do CV: Claudio Correia atuava como presidente de associação de moradores na Baixada como fachada para o tráfico
Segundo a polícia, Claudio Correia da Silva, planejava se candidatar a vereador a mando do traficante Joab da Conceição Silva, apontado como chefe do crime organizado no bairro.
Apresentado como líder comunitário e pastor evangélico em Campos Elíseos, na Baixada Fluminense, Cláudio Correia da Silva, de 52 anos, conhecido como Pastor Claudio, usava a visibilidade para esconder uma atuação que, segundo a Polícia Civil, sustentava o braço financeiro do Comando Vermelho no entorno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Presidente de uma associação de moradores da região — mantida como fachada pela facção — ele articulava extorsões, interferia em contratações e atuava sob ordens de Joab da Conceição Silva, o Joab, apontado como chefe do crime organizado no bairro e um dos líderes do CV.
Após megaoperação,
Pastor articulador do CV:
Em vídeos publicados nas redes sociais da associação, que reúne mais de 2 mil seguidores, Cláudio se apresentava como defensor da comunidade. Em uma das gravações, feitas em maio, aparece ao lado de duas mulheres e afirma:
— Sou chato, sou um cara que luta, sou guerreiro. Gosto muito de lutar e arrumei uma guerreira que gosta de ajudar o povo... não é sobre política, é sobre cuidado e respeito às famílias do nosso bairro.
A retórica social e religiosa, porém, contrastava com o que os investigadores apontam como um esquema estruturado para expandir a influência do Comando Vermelho no polo industrial de Campos Elíseos.
O delegado Moyses Santana, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), afirma que o pastor pretendia se lançar candidato a vereador, orientado pelo líder do CV e com apoio de integrantes da facção. O objetivo seria formalizar o domínio territorial já exercido na região, ma na política local.
O nome de Cláudio voltou ao foco nesta quarta-feira, durante a Operação Refinaria Livre, deflagrada pela DRE, DRE-BF e 60ª DP. Embora estivesse preso desde o início do mês, o mandado referente a este inquérito foi cumprido agora. Ele possui quatro anotações criminais por roubo.
Claudio foi preso em Betim (MG) durante a Operação Aves de Rapina. No carro dele, agentes encontraram uma pistola calibre 9 mm, seis granadas artesanais modelo M26, munição e dinheiro. Ele confessou ter levado os explosivos de Duque de Caxias para Minas Gerais para “ações de intimidação” contra a Refinaria Gabriel Passos (Regap), simulando apoio a um movimento grevista supostamente organizado por sindicatos alinhados ao Comando Vermelho.
Imagem religiosa era usada como aproximação
Segundo a polícia, o pastor visitava empresas da região apresentando-se como mediador comunitário, oferecendo “ajuda” para resolver conflitos e impondo regras ditadas pelo tráfico. Nessas abordagens, cobrava taxas semanais que variavam de R$ 50 mil a R$ 100 mil. Empresários que se recusavam a pagar eram ameaçados com incêndio de veículos, agressões, bloqueio de acessos ou interrupção de operações inteiras.
— Ele ia pessoalmente às empresas transmitir determinações da facção, impor contratações e cobrar vantagens — disse o delegado Moyses Santana ao complementar: — A imagem religiosa era usada como instrumento de aproximação.
A investigação aponta que funcionava também um esquema de “rachadinha”: trabalhadores indicados pelo grupo criminoso eram obrigados a repassar parte dos salários a integrantes da quadrilha. Um dos responsáveis pelas cobranças, foi preso nesta quarta-feira.
Documentos e depoimentos indicam ainda que o grupo organizava falsas greves e protestos para pressionar empresas a seguir as ordens impostas. A infiltração se estendia a setores internos do polo industrial, onde atuava Elizaman Lopes, conhecido como Carioca, responsável por manipular admissões e obter vantagens indevidas. A influência alcançou até prestadoras de serviço da Reduc — a polícia identificou que Daiana de Jesus Oliveira, companheira de Joab, foi contratada sem critérios técnicos por uma das empresas.
A Polícia Civil investiga o grupo pelos crimes de extorsão, associação criminosa e atentado contra a liberdade de trabalho.
Procurada, a Sindicarga não se manifestou. O jornal também não conseguiu contato com a defesa dos citados.
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