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Palmeiras asiáticas plantadas por Burle Marx encantam visitantes ao florescerem após meio século

Exuberantes, as palmeiras talipot florescem apenas no fim do ciclo de vida, que pode durar entre 50 e 70 anos

Agência O Globo - 28/11/2025
Palmeiras asiáticas plantadas por Burle Marx encantam visitantes ao florescerem após meio século
- Foto: Reprodução / Instagram

Trazidas da Ásia nas mãos do paisagista Roberto Burle Marx, as palmeiras talipot se tornaram protagonistas de um espetáculo raro e admirado no Parque do Flamengo e no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Altas e imponentes, essas palmeiras da espécie Corypha umbraculifera florescem apenas uma vez, ao final de um ciclo que pode durar de 50 a 70 anos — um fenômeno que tem atraído olhares e cliques de visitantes e moradores.

Originárias do sul da Índia e do Sri Lanka, as talipot — também conhecidas como corifas — chegaram ao Rio em meados da década de 1960 e parecem ter se adaptado perfeitamente ao clima local. Atualmente, três exemplares florescem no Aterro do Flamengo, enquanto outras duas palmeiras exibem suas flores no Jardim Botânico, formando um cenário de rara beleza que rapidamente se espalhou pelas redes sociais.

De acordo com Marcus Nadruz, coordenador da Coleção Viva do Jardim Botânico, as palmeiras estão em sintonia: “Provavelmente as mudas foram trazidas com a mesma idade e plantadas na mesma época. São como irmãs: cresceram juntas e atingiram ao mesmo tempo a idade de floração”, explica. Após o florescimento, a planta entra em senescência, processo natural de envelhecimento que pode durar de um a dois anos antes da morte.

“É o último ato para garantir a sobrevivência da espécie”, detalha Nadruz. “Elas acumulam energia durante décadas para uma explosão única de floração e frutificação, produzindo cerca de 25 milhões de flores e o mesmo número de frutos.” O pesquisador, que presencia o fenômeno pela primeira vez em 42 anos de trabalho, afirma que será realizado um trabalho de coleta de sementes para produção de novas mudas, visando repor os exemplares do Jardim Botânico e ampliar o plantio em outros espaços públicos.

No Parque do Flamengo, onde foram plantadas cerca de 4.400 palmeiras de 50 espécies diferentes, o primeiro registro de floração das talipot ocorreu em agosto de 1992, entre o Museu de Arte Moderna e o Monumento aos Pracinhas. “Provavelmente foi uma muda já um pouco mais desenvolvida”, observa Nadruz.

O paisagista Roberto Burle Marx teve a oportunidade de testemunhar o florescimento de uma das talipot, fato considerado raro. “É interessante pensar na generosidade de Burle Marx, que planejou um espaço democrático, plantando árvores cuja floração talvez não visse. Por sorte, ele pôde celebrar esse momento”, relata Isabela Ono, diretora executiva do Instituto Burle Marx, em entrevista concedida durante as comemorações dos 60 anos do Parque do Flamengo.

Além do Parque do Flamengo e do Jardim Botânico, exemplares das palmeiras talipot podem ser encontrados no Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, e no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), compondo paisagens que perpetuam o legado do paisagista.