RJ em Foco

Só uma vez na vida: conheça as raras palmeiras que levaram 70 anos para florescer no Rio e agora entram em seu último ciclo

Espécies indianas transformam o Aterro e o Jardim Botânico em palco de um fenômeno natural que não se repete

Agência O Globo - 27/11/2025
Só uma vez na vida: conheça as raras palmeiras que levaram 70 anos para florescer no Rio e agora entram em seu último ciclo
- Foto: Reprodução / Instagram

Moradores e visitantes do Rio de Janeiro têm apenas mais alguns dias para presenciar um fenômeno que, para muitos, é único na vida: a floração das palmeiras Talipot, espécies que florescem uma única vez antes de morrer. Desde o início da primavera, exemplares localizados no Aterro do Flamengo e no Jardim Botânico — plantados na década de 1960 pelo paisagista Roberto Burle Marx — exibem copas repletas de milhões de flores amareladas.

Leia também:

Saiba mais:

A Corypha umbraculifera, nativa do sul da Índia e do Sri Lanka, chama atenção por sua biologia singular. De acordo com pesquisadores do Jardim Botânico, a árvore pode levar de 40 a 70 anos para florescer, atingindo até 30 metros de altura antes do espetáculo final. Após a floração, inicia-se um lento processo de morte. “A planta produz mais de 5 milhões de flores. Quando os frutos amadurecem e caem, ela começa a morrer”, explicou ao G1 o pesquisador Marcus Nadruz.

Um espetáculo de despedida

Apesar do desfecho inevitável, especialistas destacam que o fim da Talipot é visualmente exuberante. “A morte passa a ser uma coisa linda, porque a planta fica muito bonita antes de partir”, afirma Nadruz. No Aterro do Flamengo, as copas chamam a atenção de quem passa: as inflorescências criam o efeito de uma enorme coroa dourada no alto das palmeiras — uma visão que a maioria das pessoas jamais verá duas vezes na vida.

Entre os visitantes, as reações de surpresa são frequentes. “Às vezes, na correria do dia a dia, a gente não repara nos detalhes. Mas ela está realmente diferente”, relata a empresária Flavia Paradela ao G1. O auxiliar de escritório Matheus Silva resumiu o fenômeno em uma palavra: “Diferentona!”. Já a aposentada Maria Beatriz de Albuquerque fez questão de ver de perto. “É uma oportunidade única. Vim só pra isso — e valeu demais”, afirmou.

O encantamento também emociona quem trabalha com a espécie há décadas. “Passo aqui quase todo dia, mas é a primeira vez que vejo a inflorescência pessoalmente”, conta Nadruz. Para alguns visitantes, o fenômeno vai além do registro fotográfico: é um convite à contemplação. “Talvez seja pra gente repensar o que estamos fazendo com o planeta. Vamos preservar para que meus netos também possam ver isso”, refletiu Maria Beatriz em entrevista ao G1.

No Jardim Botânico, onde dois exemplares plantados antes dos do Aterro também florescem nesta temporada, o movimento de visitantes aumentou. Entre exclamações de espanto e celulares erguidos, uma frase se repete: “Gente, que privilégio!”, resume a servidora pública Natália Lourenço ao G1.