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Seminário EXTRA debate os impactos da tecnologia

Evento reuniu especialistas e abordou a importância dos serviços e da segurança on-line

Agência O Globo - 25/11/2025
Seminário EXTRA debate os impactos da tecnologia

Em um período de apenas um ano, um em cada três brasileiros levou um golpe pela internet e sofreu prejuízos financeiros. O dado faz parte de uma recente pesquisa do Datafolha e reforça a importância dos cuidados com senhas, compartilhamentos de dados e uso de links. As perdas no período superaram R$ 111 bilhões, de acordo com o levantamento, que foi encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ontem, esses e outros números referentes ao assunto estiveram na pauta do Seminário EXTRA, que teve o tema “Transformação digital”. O evento, gratuito, aconteceu na sede da Editora Globo, na Cidade Nova, no Rio.

Rogério Mascarenhas, secretário de Governo Digital do Ministério de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, disse que a cautela deve estar sempre presente em ambientes virtuais. Hoje, o governo federal já disponibiliza 5 mil serviços digitais. Do outro lado da tela, é fundamental que o cidadão se certifique de que os portais acessados são os oficiais de municípios, de estados e da União.

— A transformação digital afeta todos nós. Precisamos transferir ao mundo digital a mesma preocupação. A gente entrega a chave da nossa casa ou assina um documento em branco? Não. É essa percepção que precisamos ter quando navegamos pela internet — frisou o representante do governo federal.

Mascarenhas foi um dos integrantes do primeiro painel do Seminário EXTRA, “A relação entre Estado e cidadão”, do qual também participaram Gabriella da Costa, program officer do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), e Feu Braga, secretário estadual de Transformação Digital. Durante o debate, iniciativas adotadas no Rio de Janeiro ganharam destaque.

Entre os bem-sucedidos programas do governo do estado citados pelos debatedores estão o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que disponibiliza processos e documentos para consultas, e serviços de segurança pública para registro de crimes e emissão de documentos de identidade.

— O governo tem, no ambiente digital, a capacidade de acolher aqueles que mais precisam da gente. Acolher e informar — disse Braga. — O Rio ajudou muitos municípios a implantarem o SEI. Os municípios usam o sistema com toda a estrutura do governo estadual, sem custo. Acreditamos que investir no mundo digital também proporciona desenvolvimento econômico. Oferecemos treinamento a servidores, para que possam ensinar ao cidadão como interagir com o SEI.

A inclusão digital foi abordada por Gabriella da Costa, que lembrou a pesquisa TIC Domicílios, publicada pela Superintendência de Relações com os Consumidores (SRC) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Segundo o levantamento, somente 30% da população brasileira têm habilidades digitais básicas.

— Precisamos promover a cultura da educação digital. Se não houver ações nesse sentido, as pessoas não vão tirar proveito de serviços que, oferecidos pela internet, podem facilitar muito suas vidas — ressaltou Gabriella.

VERIFICAR ORIGEM DE MENSAGENS É FUNDAMENTAL

Por um lado, a população faz Pix, dispõe de documentos on-line e pode assinar contratos digitais. Por outro, está mais vulnerável a golpes na internet. No segundo painel do Seminário EXTRA, cujo tema foi “Como promover a segurança da informação”, a delegada Luciana Fonseca, assistente da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, explicou por que a quantidade de estelionatos virtuais vem crescendo.

— Tivemos que migrar de forma abrupta de uma rotina de atividades presenciais para o mundo virtual. E, da mesma forma, o crime também mudou. Vimos uma diminuição dos golpes praticados nas ruas; eles foram para a internet. E, no ambiente digital, muitas vezes o bandido fica menos exposto — alertou Luciana.

A maneira de agir dos golpistas requer atenção. Eles se valem de engenharia social, ou seja, de estratégias para capturar a atenção. O internauta que está com um boleto atrasado fica mais suscetível a verificar uma suposta oportunidade de emprego ou uma oferta de pagamento da dívida com desconto.

— Eles se aproveitam de um princípio que nos faz humanos: a boa-fé — afirmou a delegada, acrescentando que os golpes virtuais mais comuns não são ações dos chamados hackers, pessoas que burlam sistemas de segurança. — Infelizmente, há uma falta de cultura digital. Muita gente compartilha senhas ou acessa links fornecidos de forma banal. O mais importante é a conscientização.

Markswell Coelho, sócio-diretor do Instituto Brasileiro de Cibersegurança, destacou que é possível perceber sinais de que links ou mensagens de WhatsApp podem levar a golpes:

— Não confie em nada. Cada vez mais vemos, nas redes sociais, imagens de pessoas que não são verdadeiras. Se chegou e-mail com promoção especial, fique atento. Verificar tudo com a fonte dos envios é importante. Telefone, pesquise, não caia no imediatismo.

Rodrigo Xavier, presidente do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (Proderj), enfatizou que o bom uso da tecnologia alavanca o desenvolvimento e lembrou que o governo investiu em infraestrutura e em data centers de alta capacidade. Ele ainda frisou que os sistemas de segurança dos governos estão cada vez mais fortalecidos:

— Hoje, a parte mais frágil é o indivíduo.