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Fiscalização aumenta nas praias do Rio após novas regras, mas camarão no palito e milho cozido seguem nas areias

Mesmo com placas recém-instaladas e blitz da SEOP, ambulantes continuam vendendo produtos proibidos e banhistas desconhecem proibições

Agência O Globo - 22/11/2025
Fiscalização aumenta nas praias do Rio após novas regras, mas camarão no palito e milho cozido seguem nas areias
- Foto: Reprodução

A manhã deste sábado na orla carioca mostrou que as ainda não encontraram a prática na praia. Apesar da fiscalização de agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) e das novas placas espalhadas pela Zona Sul, ambulantes continuavam oferecendo itens vetados. como camarão no espeto e milho cozido, e muitos banhistas nem sabiam que as regras tinham mudado.

Mar agitado:

Casos de polícia:

As placas começaram a ser espalhadas pela orla nesta semana. Ao todo, serão 250, com QR code que leva a um site que detalha o que é permitido e o que segue proibido nas praias, incluindo comércio sem licença, espetinhos e alimentos cozidos em estruturas móveis. A novidade surge junto à flexibilização parcial do uso de garrafas de vidro: a partir de agora, barraqueiros podem utilizá-las nas tendas para preparar caipirinhas, caipifrutas e caipivodcas. A demanda antiga era antes permitida somente aos quiosques.

Apesar do reforço visual, a cena na areia segue parecida com a de sexta-feira, quando O GLOBO percorreu a orla e encontrou consumo de bebidas em vidro, caixas de som e comércio irregular a poucos metros da sinalização recém-instalada. Neste sábado, a reportagem do jornal passou pela orla de novo, e a situação não foi diferente, com turistas, vendedores, frequentadores vivendo um dia normal.

Leonardo José, que vende camarão na praia há 23 anos, desde os 10, diz teme que o aperto da fiscalização recaia mais sobre quem vive da praia:

— Infelizmente, isso só vai atrasar os trabalhadores. O desemprego tá aí. Podemos tirar do palito, botar no pratinho... Só queremos trabalhar — afirmou ele, que conta já ter visto colegas perderem mercadorias durante abordagens: —Graças a Deus, na areia ainda não estão fiscalizando tanto dessa forma, é mais no calçadão. Trabalho desde criança para levar dinheiro para casa. Hoje é sábado, a praia tá lotada. Papai do Céu vai abençoar e vou vender tudo.

A vendedora de milho Rosileide Jorge lamenta o risco constante de ter a carrocinha apreendida.

Operação Verão no Rio com novas regras:

Defesa dos direitos humanos:

— É péssimo. E eu trabalho direitinho. Fiquei desempregada e agora dependo da carrocinha. Se levarem, é um prejuízo enorme. Tem que legalizar. A gente pode pagar uma taxa, trabalhar com higiene e segurança. Mas do jeito que tá, a gente vive com medo — disse.

Entre os banhistas, a maior dificuldade é a falta de informação. Ingrid Nascimento, de 28 anos, comprou um milho na areia sem saber que a venda está proibida.

— Não sabia, estou sabendo agora. Acho que prejudica todo mundo: quem frequenta e quem trabalha. Sempre compramos coisas na praia quando não estamos com crianças. Para a gente, vai ser um prejuízo horrível — afirmou.

A Seop afirma que a Operação Verão, ativa desde setembro, intensificou o monitoramento. O aparato inclui drones, 21 câmeras de longo alcance e até mil agentes em dias de maior movimento, duzentos deles só em Copacabana. Segundo a secretaria, nos dois primeiros meses da operação foram aplicadas 394 multas a barraqueiros e recolhidas mais de 2 mil garrafas de vidro.

O município reforça que seguem proibidos o comércio ambulante sem autorização, a venda de alimentos em espeto ou cozidos em estruturas móveis, caixas de som e consumo de bebidas em vidro na areia. Barraqueiros e ambulantes autorizados podem perder a licença em caso de reincidência. Já os consumidores recebem orientação no local.

Mudanças no trânsito

A partir deste sábado, a prefeitura passa a controlar o acesso de carros à Praia de Grumari e à Prainha, na Zona Sudoeste, no horário de pico (entre 8h e 15h). Nesse período, após o total de 800 vagas disponíveis ser ocupado, a entrada de veículos será fechada nos cruzamentos entre as estradas da Guanabara e do Pontal, e entre as estradas de Grumari e Roberto Burle Marx.

Já em Copacabana, haverá proibição de estacionamento na faixa da esquerda da Avenida Nossa Senhora de Copacabana aos fins de semana. A medida vale até 6 de março de 2026. Segundo a CET-Rio, o objetivo é aumentar a capacidade de escoamento da via. Nos dias úteis, o estacionamento no local segue autorizado entre 21h e 6h do dia seguinte.

Regras da prefeitura para as praias do Rio:

O que pode:

Vendedores ambulantes licenciados;

Apresentações com música em quiosques (entre 12h e 22h);

Faixa padronizada com nome e número das barracas. Elas devem ter 3 metros de largura, por 0,4 metro de altura, no alto das barracas;

Venda de garrafas de vidro nos quiosques;

Uso de garrafas de vidro de bebidas destiladas para preparar caipirinhas, caipifrutas e caipivodcas, desde que dentro das barracas;

Uso de guarda-sóis e cadeiras de praia;

Prática de atividades físicas;

Práticas esportivas nas áreas designadas;

Escolinhas e atividades esportivas autorizadas.

O que está proibido:

Comércio ambulante sem autorização da prefeitura;

Utilização de caixas de som;

Venda e consumo em garrafas de vidro na areia;

Circulação e estacionamento de ciclomotores (como são nomeadas aquelas bicicletas motorizadas) no calçadão;

Comercialização de alimentos em palitos, como churrasquinho, camarão e queijo coalho, assim como de outros que necessitem de gás (como o milho cozido) ou carvão para o preparo;

Uso de estruturas móveis de comércio ambulante, como carrocinhas de alimentos, sem autorização expressa do município;

Acampamentos improvisados;

Hasteamento de bandeiras em mastros;

Praticar comércio abusivo ou enganoso, como abordagens insistentes e constrangedoras;

Exploração de marcas, logotipos, slogans ou qualquer outra forma de identidade mercadológica pelas barracas.