RJ em Foco
Prefeitura reforça fiscalização nas praias após novas regras, mas produtos vetados seguem presentes nas areias
Agentes da SEOP percorrem orla para coibir irregularidades, mas muitos banhistas ainda desconhecem as proibições em vigor
A nas praias ainda esbarra na distância entre as regras anunciadas e a rotina da areia. Na manhã deste sábado ensolarado, mesmo após a instalação das primeiras placas com as proibições, ambulantes continuavam vendendo produtos vetados, como camarão no espeto e milho cozido, em trechos de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Banhistas, por sua vez, seguiam comprando sem saber das mudanças.
Mar agitado:
Na Praia do Arpoador:
As placas começaram a ser espalhadas pela orla nesta semana. Ao todo, serão 250, com QR code que leva a um site que detalha o que é permitido e o que segue proibido nas praias, incluindo comércio sem licença, espetinhos e alimentos cozidos em estruturas móveis. A novidade surge junto à flexibilização parcial do uso de garrafas de vidro: a partir de agora, barraqueiros podem utilizá-las nas tendas para preparar caipirinhas, caipifrutas e caipivodcas. A demanda antiga era antes permitida somente aos quiosques.
Apesar do reforço visual, a cena na areia segue parecida com a de sexta-feira, quando O GLOBO percorreu a orla e encontrou consumo de bebidas em vidro, caixas de som e comércio irregular a poucos metros da sinalização recém-instalada. Neste sábado, a reportagem do jornal passou pela orla de novo, e a situação não foi diferente, com turistas, vendedores, frequentadores vivendo um dia normal.
Leonardo José, que vende camarão na praia há 23 anos, desde os 10, diz teme que o aperto da fiscalização recaia mais sobre quem vive da praia:
— Infelizmente, isso só vai atrasar os trabalhadores. O desemprego tá aí. Podemos tirar do palito, botar no pratinho... Só queremos trabalhar — afirmou ele, que conta já ter visto colegas perderem mercadorias durante abordagens: —Graças a Deus, na areia ainda não estão fiscalizando tanto dessa forma, é mais no calçadão. Trabalho desde criança para levar dinheiro para casa. Hoje é sábado, a praia tá lotada. Papai do Céu vai abençoar e vou vender tudo.
A vendedora de milho Rosileide Jorge lamenta o risco constante de ter a carrocinha apreendida.
Operação Verão no Rio com novas regras:
Defesa dos direitos humanos:
— É péssimo. E eu trabalho direitinho. Fiquei desempregada e agora dependo da carrocinha. Se levarem, é um prejuízo enorme. Tem que legalizar. A gente pode pagar uma taxa, trabalhar com higiene e segurança. Mas do jeito que tá, a gente vive com medo — disse.
Entre os banhistas, a maior dificuldade é a falta de informação. Ingrid Nascimento, de 28 anos, comprou um milho na areia sem saber que a venda está proibida.
— Não sabia, estou sabendo agora. Acho que prejudica todo mundo: quem frequenta e quem trabalha. Sempre compramos coisas na praia quando não estamos com crianças. Para a gente, vai ser um prejuízo horrível — afirmou.
A Seop afirma que a Operação Verão, ativa desde setembro, intensificou o monitoramento. O aparato inclui drones, 21 câmeras de longo alcance e até mil agentes em dias de maior movimento, duzentos deles só em Copacabana. Segundo a secretaria, nos dois primeiros meses da operação foram aplicadas 394 multas a barraqueiros e recolhidas mais de 2 mil garrafas de vidro.
O município reforça que seguem proibidos o comércio ambulante sem autorização, a venda de alimentos em espeto ou cozidos em estruturas móveis, caixas de som e consumo de bebidas em vidro na areia. Barraqueiros e ambulantes autorizados podem perder a licença em caso de reincidência. Já os consumidores recebem orientação no local.
Mudanças no trânsito
A partir deste sábado, a prefeitura passa a controlar o acesso de carros à Praia de Grumari e à Prainha, na Zona Sudoeste, no horário de pico (entre 8h e 15h). Nesse período, após o total de 800 vagas disponíveis ser ocupado, a entrada de veículos será fechada nos cruzamentos entre as estradas da Guanabara e do Pontal, e entre as estradas de Grumari e Roberto Burle Marx.
Já em Copacabana, haverá proibição de estacionamento na faixa da esquerda da Avenida Nossa Senhora de Copacabana aos fins de semana. A medida vale até 6 de março de 2026. Segundo a CET-Rio, o objetivo é aumentar a capacidade de escoamento da via. Nos dias úteis, o estacionamento no local segue autorizado entre 21h e 6h do dia seguinte.
Regras da prefeitura para as praias do Rio:
O que pode:
Vendedores ambulantes licenciados;
Apresentações com música em quiosques (entre 12h e 22h);
Faixa padronizada com nome e número das barracas. Elas devem ter 3 metros de largura, por 0,4 metro de altura, no alto das barracas;
Venda de garrafas de vidro nos quiosques;
Uso de garrafas de vidro de bebidas destiladas para preparar caipirinhas, caipifrutas e caipivodcas, desde que dentro das barracas;
Uso de guarda-sóis e cadeiras de praia;
Prática de atividades físicas;
Práticas esportivas nas áreas designadas;
Escolinhas e atividades esportivas autorizadas.
O que está proibido:
Comércio ambulante sem autorização da prefeitura;
Utilização de caixas de som;
Venda e consumo em garrafas de vidro na areia;
Circulação e estacionamento de ciclomotores (como são nomeadas aquelas bicicletas motorizadas) no calçadão;
Comercialização de alimentos em palitos, como churrasquinho, camarão e queijo coalho, assim como de outros que necessitem de gás (como o milho cozido) ou carvão para o preparo;
Uso de estruturas móveis de comércio ambulante, como carrocinhas de alimentos, sem autorização expressa do município;
Acampamentos improvisados;
Hasteamento de bandeiras em mastros;
Praticar comércio abusivo ou enganoso, como abordagens insistentes e constrangedoras;
Exploração de marcas, logotipos, slogans ou qualquer outra forma de identidade mercadológica pelas barracas.
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