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Praias do Rio têm alteração em regras: confira o que muda e as proibições em vigor

Prefeitura instala 250 placas com orientações na orla da cidade, no momento em que começa a valer a flexibilização na venda de garrafas de vidro

Agência O Globo - 22/11/2025
Praias do Rio têm alteração em regras: confira o que muda e as proibições em vigor
- Foto: Reprodução

Em mais uma tentativa de colocar ordem no espaço mais democrático da cidade, a prefeitura do Rio começou a instalar, pela orla de Copacabana, as primeiras das 250 placas que detalham as proibições em vigor, ainda amplamente burladas por comerciantes e frequentadores. A sinalização, que contém um QR Code que leva a um site com uma lista das regras válidas para as praias, estreia no mesmo momento em que passa a valer a flexibilização do uso de recipientes de vidro. Segundo decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes, publicado na última quarta-feira, os destiladas para preparar caipirinhas, caipifrutas e caipivodcas, desde que dentro das tendas. Até então, a permissão valia apenas para os quiosques.

Os 70 anos da Cruzada no Leblon:

Cobrança:

Do alto, a Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) conta com pelo menos dois drones e 21 câmeras de longo alcance (chamadas de “superzoom”), para acompanhar o fluxo de pessoas nas praias, assim como fiscalizar irregularidades. A estrutura integra o aparato da Operação Verão, iniciada em setembro.

— A gente traz este ano tecnologia para as fiscalizações necessárias, como por exemplo ambulantes ilegais na areia, flanelinhas. Vamos utilizar drones, que vão ajudar bastante — detalha Marcus Belchior, secretário de Ordem Pública, sobre a atuação do Leme ao Pontal. — A operação acontece todos os dias, mas é intensificada e dimensionada nos fins de semana e feriados.

Em dias de praias cheias, a pasta conta com mil agentes. Duzentos deles ficam em Copacabana, para, por exemplo, acompanhar no local o cumprimento (ou não) das regras estabelecidas pelo município.

Bicampeão de asa-delta:

Apesar do reforço dos equipamentos e dos agentes, O GLOBO percorreu, nesta sexta-feira, praias da Zona Sul e viu que, a poucos metros das placas recém-instaladas, não é difícil encontrar consumo em garrafa de vidro, caixas de som e comércio não-autorizado, justamente as proibições mencionadas na sinalização, como no Posto 6 de Copacabana. Por lá, um grupo de turistas paulistas — composto por Everton Vieira, Bruna Barreto, Cauêt Ramos, Maria Eduarda Ximenes e Alan Machado — consumia cerveja no recipiente proibido.

— Não vimos as placas, e ninguém nos avisou. Agora vamos evitar trazer garrafas de vidro — conta Everton, que também se diz surpreso com a proibição dos espetinhos. — Nós compramos ontem (quinta-feira), estamos zerando a cartela do “bingo de vacilos” (risos).

Futuro centro cultural:

Enquanto o público se acostuma com as regras, tem gente com motivos para comemorar, como Ivan Andrade, proprietário da Barraca da Paz 169, em Copacabana. Durante o período de proibição, ele revela que recorreu a cachaças em embalagem PET, mas precisou suspender o uso de gim e uísque por só encontrá-los em garrafas de vidro.

— Os clientes pediam e, como não tinha, eles ligavam para o delivery e bebiam (em garrafas de vidro). Só proibiram a gente, o banhista seguia igual — reclama Ivan.

Segundo a prefeitura, a permissão do vidro nas barracas tem relação com um alerta em relação à contaminação por metanol. As garrafas de vidro facilitariam a fiscalização. A nota fiscal das bebidas deve ser guardada pelos barraqueiros, para controle de clientes e da Seop.

Mangabinha:

Irregularidades seguem

Mesmo diante da proibição, o vendedor Luiz Cláudio Gomes percorre a areia oferecendo caixinhas de som.

— É só um “sonzinho”, não agride tanto o ouvido — argumenta o ambulante. — Som ambientezinho não faz mal a ninguém.

Também pela areia, os banhistas se deparam com a oferta de camarão em espetos, o que não é permitido. Carlos Pereira, que se identifica como porta-voz dos vendedores de camarão da região e sonha com o reconhecimento da prática como patrimônio da cidade, calcula que a proibição prejudique 4 mil famílias. E reclama de abordagens da fiscalização:

— A prefeitura implicou por causa do palito. O nosso é feito de bambu e não tem ponta. Mesmo assim, a gente recolhe e descarta da forma correta.

Antídoto de volta:

Turista de Curitiba, Mara Ribeiro conta que quase pisou em um espetinho fincado na areia. Ela lamenta a falta de educação dos consumidores.

— A questão é da população mesmo, que não tem a consciência de recolher o que consumiu. Quando vamos à praia, sempre levamos uma sacolinha para o lixo — detalha.

Sem conseguir acabar com essa farra, a Seop informa que vem criando regras e decretos, além de fiscalizar de forma contínua. Nos dois primeiros meses de Operação Verão, 394 multas foram aplicadas aos barraqueiros por alguma irregularidade. Mais de 2 mil garrafas de vidro foram recolhidas. Nesta sexta, em Ipanema, O GLOBO flagrou o momento em que agentes apreenderam garrafas de vidro do ambulante Alex Gomes, que vendia bebidas em um carrinho no calçadão.

Em caso de desrespeito às regras, as mercadorias podem ser apreendidas. Para barraqueiros e ambulantes autorizados, pode haver ainda multa e perda da licença. O consumidor, por sua vez, recebe orientações dos agentes se desrespeitar as regras.

Mudanças no trânsito

A partir deste sábado, a prefeitura passa a controlar o acesso de carros à Praia de Grumari e à Prainha, na Zona Sudoeste, no horário de pico (entre 8h e 15h). Nesse período, após o total de 800 vagas disponíveis ser ocupado, a entrada de veículos será fechada nos cruzamentos entre as estradas da Guanabara e do Pontal, e entre as estradas de Grumari e Roberto Burle Marx.

Já em Copacabana, haverá proibição de estacionamento na faixa da esquerda da Avenida Nossa Senhora de Copacabana aos fins de semana. A medida vale até 6 de março de 2026. Segundo a CET-Rio, o objetivo é aumentar a capacidade de escoamento da via. Nos dias úteis, o estacionamento no local segue autorizado entre 21h e 6h do dia seguinte.

Com aviso de ressaca para esta sexta-feira, a ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, foi fechada: as ondas passaram dos dois metros de altura. Ao longo do dia, no estado, os bombeiros fizeram 17 resgates no mar.

Desaparecidos:

Regras da prefeitura para as praias do Rio:

O que pode:

Vendedores ambulantes licenciados;

Apresentações com música em quiosques (entre 12h e 22h);

Faixa padronizada com nome e número das barracas. Elas devem ter 3 metros de largura, por 0,4 metro de altura, no alto das barracas;

Venda de garrafas de vidro nos quiosques;

Uso de garrafas de vidro de bebidas destiladas para preparar caipirinhas, caipifrutas e caipivodcas, desde que dentro das barracas;

Uso de guarda-sóis e cadeiras de praia;

Prática de atividades físicas;

Práticas esportivas nas áreas designadas;

Escolinhas e atividades esportivas autorizadas.

O que está proibido:

Comércio ambulante sem autorização da prefeitura;

Utilização de caixas de som;

Venda e consumo em garrafas de vidro na areia;

Circulação e estacionamento de ciclomotores (como são nomeadas aquelas bicicletas motorizadas) no calçadão;

Comercialização de alimentos em palitos, como churrasquinho, camarão e queijo coalho, assim como de outros que necessitem de gás (como o milho cozido) ou carvão para o preparo;

Uso de estruturas móveis de comércio ambulante, como carrocinhas de alimentos, sem autorização expressa do município;

Acampamentos improvisados;

Hasteamento de bandeiras em mastros;

Praticar comércio abusivo ou enganoso, como abordagens insistentes e constrangedoras;

Exploração de marcas, logotipos, slogans ou qualquer outra forma de identidade mercadológica pelas barracas.

*Estagiária sob supervisão de Leila Youssef.