RJ em Foco
Do Jobi ao Lasai: Gastronomia carioca quer conquistar turistas gourmets e organiza 'maratona' por clássicos da cidade
Líderes de grandes eventos do setor percorrem bares e restaurantes para conhecer de perto a culinária do Rio
Dois meses depois de o Rio ser estrela na 27ª edição do Gastronomika, principal encontro de gastronomia contemporânea do mundo, em San Sebastián, na Espanha, e desembarcar com um grupo de chefs cariocas de valor por lá, o alto comando da Vocentro, empresa espanhola responsável pelo Gastronomika e pelo Madrid Fusión, . Benjamín Lana e Luis Martí, ciceroneados pela secretária de Turismo Daniela Maia, estão cumprindo um tour gastronômico pela cidade. Passaram por casas como Empório Jardim, Cachambeer, Jobi, San Omakase, Aconchego Carioca, Ocyá e Sud Pássaro Verde. Muitas outras paradas estão programadas até o dia 25:
Rio quer entrar na rota do destino
Angu do Gomes faz 70 anos,
— Eles estão fazendo um raio-x da cidade, conhecendo de perto a culinária carioca. O Rio tem tudo para entrar no circuito de turismo gastronômico com outras grandes cidades do mundo. E a ideia é traçarmos juntos estratégias para o posicionamento internacional da gastronomia do Rio — revela Daniela Maia, que, desde o começo do ano, vem mantendo contatos com os espanhóis para alinhar parcerias. — O Rio tem muito mais do que praia e beleza naturais Temos uma gastronomia rica, muito nossa. É o que estamos mostrando para eles.
Para Elia Schramm, à frente do Babbo, Francese e Jurubeba, que garantiu, juntamente com o chef Danilo Parah, o sucesso do estande do Rio durante o Gastronomika, é fundamental para o Rio entrar na rota internacional gastronômica.
— Gastronomia é cultura, é o cartão-postal de um país. E o Rio é a porta de entrada do Brasil, assim como são Paris, Nova York. Tudo começa por aqui. Isso sem contar a alegria dos bares e restaurantes cariocas — diz.
Chef brasileiro mais bem posicionado no ranking internacional, o carioca Rafa Costa e Silva aplaude a iniciativa e ressalta a diversidade da mesa carioca como um de seus maiores trunfos: tem bar e boteco, mas gastronomia contemporânea também.
— Temos uma diversidade que poucas cidades no mundo têm. Bares excepcionais como Momo, Bar da Frente e Aconchego, endereços icônicos, mas também temos o Oseille, a Casa 201 e outros restaurantes com estrelas Michelin. Particularmente, acho a cena gastronômica do Rio melhor do que a de Lima, no Peru — avalia o chef do Lasai.
Thomas Troisgros é uma boa aposta: transita do boteco, o Tijolada, ao bistrô com pegada carioca, o Toto. E ainda o fine dining Oseille, com estrela Michelin.
— Sempre fomos referência cultural, destino turístico, nada mais justo que a cidade vire também referência gastronomia, que a mesa local ganhe um holofote — sentencia Troisgros.
Chef duas estrelas Michelin, Felipe Bronze é outro que comemora o movimento:
— Vai ser espetacular para a cidade entrar nesse círculo virtuoso, é turismo ainda mais qualificado.
No quiosque do Rio na última edição do Gastronomika, Danilo Parah, chef do Rudä, viu de perto o interesse do público pela culinária carioca, do biscoito de polvilho ao picadinho e feijoada assinados por ele e Elia Schramm.
— Está mais do que na hora de colocar a culinária carioca no radar do mundo. Ela é diversa, rica, única — exalta o chef.
Depois de maratonar pela cidade, o espanhol Benjamín Lana, o principal nome do Gastronomika e do Madrid Fusión, gostou do que viu e provou. Identificou uma grande diversidade e singularidade de propostas, mas acredita que falta ainda um trabalho coletivo que permita apresentar o Rio e a sua gastronomia tão rica e diversificada no cenário internacional.
— No exterior, muitos dos símbolos associados ao Brasil têm relação direta com o Rio, mas quando se fala em gastronomia, é São Paulo que aparece. Há um trabalho a ser feito. Temos grandes músicos, mas ainda é preciso afinar a orquestra. Um trabalho consistente pode levar, no futuro, a um cenário em que turistas gourmets de diversas partes do mundo escolham o Rio também para comer.
A gastronomia é hoje o terceiro maior impulsionador de turismo no mundo, segundo dados dia Organização Mundial de Turismo (OMT). Uma culinária bem cotada pode representar mais de 14% das motivações principais dos visitantes. E o tamanho desse mercado é fermentado: perto de US$ 1 bilhão de dólares.
A França sempre apostou na gastronomia. Na América Latina, o Peru é um bom exemplo dessa receita de sucesso: de pouco mais de 1 milhão de turistas anuais, pulou 3,5 milhões, fruto de investimentos na boa mesa, na criação de uma identidade e de ações como essa da Secretaria Municipal de Turismo. Em janeiro de 2026, o Rio vai participar do Madrid Fusión, com um time de chefs cariocas.
A "lotada" dos espanhóis terá mais de 15 paradas programadas:
— E sobraram tantos outros espaços para mostrar… — lamenta Dani Maia.
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