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Prefeitura dá pontapé inicial nas obras do Rio-Áfricas, na Zona Portuária, um dia após anúncio da Praça Onze Maravilha
Espaço será construído no antigo prédio da maternidade Pró-Matre, vizinha ao Cais do Valongo, ponto histórico reconhecido pela Unesco
A Prefeitura do Rio deu início às obras do Centro Cultural Rio-Áfricas, espaço dedicado à celebração de diversas culturas da diáspora africana, e manifestações cariocas e fluminenses, na manhã desta sexta-feira. O centro de memória, identidade e resistência será erguido no terreno da antiga Pró-Matre, vizinha ao Cais do Valongo — ponto histórico reconhecido pela Unesco. O pontapé inicial foi o começo da demolição do edifício onde ficava a maternidade que funcionou entre 1919 e 2009.
Praça Onze Maravilha:
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Essa ação ocorreu um dia após o anúncio do projeto Praça Onze Maravilha, que possui o objetivo de revitalizar e transformar diferentes partes do Estácio, Centro e Pequena África. Participaram do evento o prefeito Eduardo Paes, o vice-prefeito Eduardo Cavaliere, os secretários de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima e de Cultura, Lucas Padilha. Além do subprefeito do Centro, Alberto Szafran.
— O espaço vai consolidar a conexão da diáspora africana com a formação do Rio. Agora conseguimos a licença de demolição, estamos trabalhando para obter a licença de construção e esperamos que as obras para erguer o novo prédio sejam iniciadas no primeiro trimestre de 2026 — afirmou o prefeito Eduardo Paes.
O processo de demolição é realizado de maneira mais lenta, por se tratar de um imóvel localizado dentro do perímetro do Sítio Arqueológico Cais do Valongo. Como uma área sensível e com potencial de descobertas da história da cidade, é necessário que a retirada do edifício seja feita em partes e através de um processo delicado.
O novo equipamento cultural tem projeto assinado pelo arquiteto Marcus Damon, do Estúdio Módulo de Arquitetura e Urbanismo, vencedor do concurso promovido pela parceria entre a Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). A proposta foi escolhida entre 36 trabalhos apresentados por arquitetos negros de todo o Brasil e por profissionais africanos de língua portuguesa.
— Participar da recuperação desse espaço é muito importante para a valorização da cultura negra. A ideia é que o local, inspirado em diversas referências africanas, como arquiteturas do Egito e de Burkina Faso, ajude a fomentar a aproximação com nossa ancestralidade — explicou Damon.
Arquitetura ancestral
O prédio terá três pavimentos e um pátio arborizado, com espécies como espada-de-São-Jorge, agapanto e capim-do-Texas. O paisagismo é inspirado em simbolismos africanos e na Mata Atlântica.
A fachada será marcada por tramas, padrões e painéis perfurados que funcionarão como filtro de luz natural. Haverá ainda um terraço no último piso, com vista para o Cais do Valongo. Segundo o secretário de Cultura, Lucas Padilha, os pavimentos funcionarão como um polo cultural da Pequena África.
— Não se trata apenas da história da escravização. É contar, apresentar e celebrar as histórias africanas e as formações culturais da cidade do Rio que têm bases negras. Teremos acervo permanente, exposições diversas e uma agenda cultural ampla — afirmou Padilha, que descreveu o espaço como um “encontro de constelações culturais”.
Valorização da Pequena África
Integrado ao projeto Praça Onze Maravilha, o Rio-Áfricas faz parte da estratégia de valorização da região conhecida como Pequena África, que reúne bairros centrais da capital. Por isso, movimentos sociais e órgãos dedicados à promoção da luta negra têm acompanhado de perto o desenvolvimento do projeto.
— A criação desse espaço é importantíssima para nossa reparação histórica. Chegamos escravizados a esse território e hoje podemos acompanhar o início de um equipamento destinado à sociedade, que consolida essa ressignificação. Será um lugar de encontro das várias Áfricas que formam nosso povo — disse Negro Dum, presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine).
Feriadão no Rio
A iniciativa se soma ao conjunto de ações de revitalização do Porto Maravilha, iniciadas em 2009, incluindo a requalificação do Cais do Valongo, em parceria com o Iphan, IDG, BNDES e empresas privadas.
A área onde o equipamento será construído está sendo cedida pela construtora Cury. A expectativa é que o prédio seja entregue à sociedade até o primeiro semestre de 2028. Para o secretário Osmar Lima, o centro cultural representa um reconhecimento da contribuição negra para a história carioca e nacional.
— Entendendo a importância da região e o modelo de construção por meio de parceria público-privada, surgiu esse projeto essencial para a valorização da cultura negra — afirmou o secretário.
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