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Desigualdade de renda entre negros e brancos diminui no Rio, aponta estudo da prefeitura
Renda dos negros cresceu mais que a dos brancos entre 2021 e 2024, mas apesar do avanço, a distância persiste
A prefeitura do Rio divulgou, na véspera do Dia da Consciência Negra, um panorama socioeconômico que mostra redução da desigualdade entre negros e brancos na cidade. Segundo dados do IBGE reunidos no estudo, a renda domiciliar per capita da população negra cresceu 17,2% entre 2021 e 2024, ritmo mais acelerado que o dos brancos, cuja alta foi de 10,5%. No mesmo período, o número de negros ocupados aumentou 27,2%, acima do crescimento entre trabalhadores brancos (17,4%).
Apesar do avanço, a distância persiste: a renda negra média (R$ 2,3 mil) ainda equivale a 85,8% da renda dos brancos (R$ 4,4 mil). A melhora, porém, coloca o Rio acima da média nacional para renda domiciliar per capita de pessoas negras (R$ 1,8 mil).
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, afirma que os resultados refletem planejamento e foco em inclusão:
— Esses dados mostram que estamos no caminho certo. A redução da desigualdade não acontece por acaso, é fruto de investimento e compromisso com a equidade racial.
População negra é maioria
O levantamento reforça que 54,3% dos moradores da cidade são negros, somando 3,4 milhões de pessoas. Dessas, 71,3% são pardas e 28,7% pretas. O Rio tem ainda uma proporção maior de pessoas pretas (15,6%) do que a média nacional (10,2%).
A população negra é majoritariamente feminina (52,4%) e mais jovem: 39,7% têm até 29 anos. Na escolaridade, 25,5% possuem Ensino Superior completo — mais que o dobro da média nacional para negros (13,6%) — embora ainda abaixo dos brancos cariocas, cujo índice chega a 49,2%.
Desemprego cai mais entre negros
Entre 2021 e 2024, 133,9 mil negros deixaram a condição de desemprego, uma redução de 45,2%, superior à registrada entre brancos (-41%). A taxa atual é de 8,9% para negros e 7,1% para brancos.
Função pública passa por mudança de perfil racial
Pela primeira vez entre governos municipais no país, o estudo traz um mapeamento de Burocracia Representativa, analisando a estrutura racial do funcionalismo carioca.
Atualmente, 21% dos servidores são pretos, proporção acima da cidade (15,6%). Considerando pretos e pardos, 51,6% do quadro é negro, próximo aos 54,3% da população.
Nos cargos comissionados, há 14,4% de gestores pretos e, nos postos de mais alta hierarquia, 12,3%. O cenário, embora distante da equidade, vem mudando: políticas afirmativas iniciadas há duas décadas e o envelhecimento do quadro — 45% dos servidores têm mais de 50 anos e se aposentarão nos próximos cinco anos — criam, segundo o estudo, oportunidade para ampliar a diversidade entre tomadores de decisão.
No Programa Líderes Cariocas, a proporção de pessoas negras aprovadas triplicou entre 2012 e 2022. Na turma de 2023, 49% dos formados eram negros.
A presidente da Fundação João Goulart, Rafaela Bastos, destaca o impacto do setor público:
— Sessenta e dois por cento dos vínculos do serviço público no Brasil estão em governos municipais. Por isso, iniciativas com enfoque em diversidade têm papel central na transformação.
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