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Comandante do Bope relata uso restrito de câmeras corporais em megaoperação no Rio

Dos cerca de 215 agentes envolvidos na ação, apenas 77 estavam equipados com câmeras; comandante afirmou ao Ministério Público que não foram previstas baterias reservas

Agência O Globo - 13/11/2025
Comandante do Bope relata uso restrito de câmeras corporais em megaoperação no Rio
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Menos de 40% dos agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) utilizaram câmeras corporais durante a Operação Contenção, realizada em 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Aproximadamente 215 integrantes da unidade participaram da ação, promovida em conjunto pelas polícias Militar e Civil, mas apenas 77 estavam equipados com o dispositivo.

A informação foi prestada pelo comandante do Bope, tenente-coronel Marcelo Corbage, em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) na última segunda-feira. A transcrição do depoimento foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhada de outros documentos sobre a atuação do MP na megaoperação.

Segundo Corbage, havia 77 câmeras corporais disponíveis para cerca de 215 policiais da corporação. O comandante explicou que não foi prevista a necessidade de baterias reservas, pois se estimava que a operação teria duração normal — de até cinco ou seis horas. Ele ressaltou que as câmeras são consideradas "suficientes para um dia normal de serviço", mas que, na megaoperação, os equipamentos foram distribuídos de modo que todas as frações de agentes tivessem ao menos um policial equipado com câmera.

Corbage também informou que, atualmente, o Bope dispõe de 18 baterias sobressalentes e reiterou que a Operação Contenção fugiu da rotina habitual da corporação, tanto pela sua dimensão quanto pela intensidade da reação dos criminosos. Ele acrescentou que a ação estava originalmente programada para ocorrer dias antes, mas foi adiada por motivos como mau tempo e feriados.

Uma semana antes do depoimento de Corbage, o subsecretário de Gestão Operacional da Polícia Militar, Ranulfo Souza Brandão Filho, também compareceu à sede da Promotoria de Justiça para prestar esclarecimentos sobre a megaoperação. Ele afirmou que testes realizados indicam que as baterias das câmeras corporais não possuem autonomia efetiva de 12 horas — tempo estimado de duração da operação.

Ranulfo detalhou ainda que a ação teve origem em uma investigação da Polícia Civil, que durou cerca de um ano e apurava a atuação do Comando Vermelho (CV) nos dois complexos de favelas. Segundo o subsecretário, há cerca de dois meses, a Polícia Civil solicitou apoio da Polícia Militar para o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão.

No total, foram mobilizados 1.800 agentes, sendo 570 das Forças do Comando de Operações Especiais (COE), além de 18 unidades convencionais e mais quatro especializadas. Os policiais das unidades convencionais utilizaram câmeras corporais durante a operação. No entanto, devido ao número limitado de equipamentos disponíveis, nem todos os agentes das Forças COE estavam equipados com câmeras.

O subsecretário também ressaltou que os integrantes do serviço de inteligência são dispensados da obrigatoriedade de uso do equipamento.