Menos da metade dos agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), unidade de elite da Polícia Civil do Rio de Janeiro, utilizou câmeras corporais durante a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, há duas semanas. Dos 128 policiais presentes na ação, apenas 57 estavam equipados com o dispositivo.

A informação foi revelada pelo coordenador da Core, delegado Fabrício Oliveira Pereira, em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) na última segunda-feira. A transcrição do depoimento foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), junto a outros documentos relacionados à atuação do MP na operação.

Segundo Pereira, a Core dispõe de 100 câmeras corporais, mas um problema na liberação dos equipamentos deixou pelo menos 32 delas indisponíveis. “A gente teve 57 policiais com câmeras e 32 a própria empresa disse que, no dia, estavam indisponíveis por um problema deles, da empresa”, afirmou o delegado.

O coordenador acrescentou que, além das câmeras reconhecidamente indisponíveis pela empresa responsável, outros policiais relataram dificuldades para retirar os equipamentos. “Os que não estavam utilizando câmeras relataram que encontraram problemas para retirar. A empresa alega que apenas 32 estavam indisponibilizadas, mas a verdade é que houve um problema operacional”, declarou Pereira. “Em determinado momento começou a dar problema. O policial tentava e não conseguia. Aí ficou naquilo, vai pro outro, não conseguia”, completou.

Pereira destacou que falhas desse tipo já haviam ocorrido anteriormente, mas nunca em tal proporção. Ele ressaltou ainda que o efetivo mobilizado nesta operação foi significativamente maior do que o habitual.

O delegado afirmou, por fim, que não há confirmação de mortes causadas por agentes da Core. Segundo ele, alguns policiais encontraram quatro corpos, mas não é possível afirmar que tenham sido responsáveis pelos óbitos.