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Delegado afirma que madrasta foragida mandou matar mãe da enteada por obsessão; polícia apura possível estelionato

Gabrielle Cristine Pinheiro Rosário é considerada foragida pela polícia, que deve pedir a conversão da prisão temporária em preventiva

Agência O Globo - 12/11/2025
Delegado afirma que madrasta foragida mandou matar mãe da enteada por obsessão; polícia apura possível estelionato
- Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

A Polícia Civil segue nas buscas por Gabrielle Cristine Pinheiro Rosário, apontada como mandante do assassinato de Laís enquanto empurrava o carrinho do filho em Sepetiba, no dia 4 de novembro. Segundo o delegado Robinson Gomes, da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), os advogados da suspeita informaram que ela não pretende se entregar, o que reforça o pedido de prisão preventiva. A investigação aponta que a trama pode envolver não apenas a morte brutal de Laís, mas também outros crimes, como estelionato, identificados na análise dos celulares apreendidos.

— Eles disseram que ela não tem a intenção de se entregar. Ela já é considerada foragida, com mandado de prisão em aberto, e essa fuga dá mais base para solicitarmos a preventiva dela — afirmou o delegado em entrevista ao RJ1.

A polícia já realizou diligências em vários endereços ligados a Gabrielle, mas sem sucesso. — Já procuramos em diversos locais, nos endereços cadastrados em nome dela, mas não conseguimos encontrá-la — relatou Gomes.

Nesta terça-feira, duas pessoas prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital. O delegado explicou que analisa o conteúdo dos depoimentos para apurar a responsabilidade de cada envolvido no caso.

Sobre Erick Santos Maria, que pilotava a moto usada na execução, Gomes afirmou que os dois confessaram o crime e não possuem antecedentes criminais. No entanto, ainda é necessário esclarecer se Davi tem ou não envolvimento com um grupo de extermínio em Belford Roxo.

A arma utilizada no crime ainda não foi localizada. — A arma era do Erick, mas não conseguimos apreendê-la. Já fizemos uma diligência na casa dele, sem sucesso. Agora vamos tentar ouvi-lo novamente para ver se ele revela onde está a arma — detalhou o delegado.

O delegado acrescentou que novas provas podem surgir a partir da análise dos celulares apreendidos. — Acreditamos que o conteúdo dos celulares trará muitas informações sobre o envolvimento dela e dos demais indiciados nessa trama criminosa. O laudo do ICCE saiu ontem à noite, e vou analisar agora, mas acredito que encontraremos muitos elementos, inclusive indícios de crimes de estelionato — afirmou Gomes.

Madrasta obcecada

As investigações indicam que o crime foi motivado pela fixação de Gabrielle pela enteada, Alice, filha de Laís com Lucas Soares Ramos, atual marido da suspeita. Testemunhas relataram que Gabrielle exigia ser chamada de mãe pela menina e protagonizou uma série de conflitos e ameaças contra Laís pela guarda da criança.

Segundo o inquérito, Gabrielle chegou a tentar retirar a menina da escola sem autorização, além de ter enviado mensagens agressivas à vítima. A mãe de Lucas, Andressa, afirmou que Alice chegou a se referir à madrasta como “mamãe Gabi”. Já o ex-companheiro de Laís, Eimar Felipe, descreveu Gabrielle como “controladora e competitiva”.

Outros depoimentos, como o do irmão de Laís, Vitor, e o da amiga Letícia, reforçaram o histórico de ameaças e hostilidade. Uma testemunha próxima a Gabrielle revelou que ela utilizava o celular de terceiros para enviar mensagens ofensivas à vítima — o que, segundo a polícia, liga diretamente as ofensas à intenção de matar.

Gabrielle segue foragida, e a Polícia Civil mantém as diligências para localizá-la e recuperar a arma usada no crime. — Vamos continuar até encontrá-la. O inquérito está bem avançado, mas precisamos ouvir todos os envolvidos e esclarecer a total participação de cada um nessa trama — concluiu o delegado Robinson Gomes.