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Secretária de Transporte do Rio admite que redução das tarifas de metrô e trem não será possível

Campanha publicitária chegou a ser planejada para anunciar a medida

Agência O Globo - 12/11/2025
Secretária de Transporte do Rio admite que redução das tarifas de metrô e trem não será possível

A secretária estadual de Transporte e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Priscila Sakalem, reconheceu que "não será possível concretizar" a redução das tarifas do metrô e do trem para R$ 4,70. A medida dependia da assinatura do governador Cláudio Castro. Em ofício enviado à Subsecretaria de Comunicação e Publicidade, assinado no último dia 30, Sakalem aponta as restrições orçamentárias enfrentadas pelo Estado como principal motivo e solicita a suspensão de uma campanha publicitária, orçada em R$ 15 milhões, que anunciaria a redução.

Em maio, o então secretário de Transporte, Washington Reis, estimava que a redução poderia aumentar em 500 mil o número de passageiros diários nos modais sobre trilhos. O metrô, atualmente com tarifa de R$ 7,90, poderia saltar de 650 mil para 900 mil usuários, enquanto o trem, hoje a R$ 7,60, teria aumento de 358 mil para 600 mil clientes. Reis calculava um impacto de R$ 500 milhões aos cofres públicos em 2026, valor que sairia do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (FECP).

Em 7 de abril deste ano, Reis enviou ofício ao secretário da Casa Civil, Nicola Miccione, e ao subsecretário de Comunicação Social e Publicidade, Igor Marques, solicitando a realização de uma campanha publicitária — intitulada "Tarifa RJ" — para anunciar o "valor mais justo e acessível para a população". No dia seguinte, a autorização foi concedida após troca de ofícios.

O orçamento da campanha seria distribuído entre quatro agências de publicidade, responsáveis pela produção e execução de mídia. O processo, paralisado desde julho, foi retomado no último dia 30, quando Sakalem reafirmou a impossibilidade de concretizar a redução tarifária e pediu a suspensão do planejamento de divulgação. A Subsecretaria de Comunicação Social e Publicidade foi acionada para adotar as providências cabíveis.

Neste ano, as barcas tiveram redução de tarifa graças a convênio entre Barcas Rio e a Prefeitura de Niterói. A linha Charitas passou de R$ 21 para R$ 7,70, enquanto as linhas Arariboia, Cocotá e Paquetá, antes a R$ 7,70, agora custam R$ 4,70.

Em nota, o governo do estado afirmou que "não desistiu da política pública de redução das tarifas dos transportes", mas ressaltou que a decisão "precisa levar em consideração a responsabilidade com as contas públicas diante de uma previsão de déficit orçamentário para 2026". Segundo o comunicado, "foi solicitado à Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana que realize estudos sobre como viabilizar a nova tarifa, avaliando o impacto sobre a atual realidade financeira do estado e projeções futuras". Sobre a campanha publicitária, o governo informou que "os recursos não utilizados foram devolvidos e poderão ser aplicados em outras ações".

O MetrôRio também se manifestou, destacando que "considera fundamental a implementação de política tarifária que torne os modais sobre trilhos mais acessíveis à população fluminense". A concessionária reforçou que o Rio de Janeiro tem a tarifa mais cara do Brasil, "por ser o único sistema do país sem subsídio universal para seus passageiros". Em outras cidades, o subsídio é superior a 50% do valor da tarifa técnica. "Caso no Rio de Janeiro fosse implementada semelhante medida, a tarifa pública seria inferior a R$ 4,00", afirmou a empresa, que seguirá em diálogo com o governo estadual para buscar soluções que incentivem o uso do transporte de alta capacidade.