RJ em Foco
Prefeitura quer construir novas comportas em canal na Zona Sul
Obra no Jardim Botânico será para melhorar o escoamento da água da chuva e reduzir o risco de transbordamento
Estratégico para impedir a chegada na Lagoa Rodrigo de Freitas de esgoto de ligações clandestinas do entorno e fundamental para regular a passagem da água pluvial em fortes temporais, o canal da Rua General Garzon, no Jardim Botânico, na Zona Sul, passará por reformas. A prefeitura planeja construir um novo sistema de comportas e assim melhorar a capacidade de escoamento das águas das chuvas, reduzindo o risco de transbordamentos, que provocam alagamentos em vias como a Avenida Borges de Medeiros e a Rua Jardim Botânico.
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A proposta faz parte de uma série de obras que o município promete realizar para reduzir o impacto dos temporais. Mas a obra não ficará pronto para o próximo verão.
— A grande vantagem do projeto é que, com a remodelagem do sistema, não haverá barreiras para a passagem da água. Para as novas comportas serem construídas, será necessário demolir o sistema atual. Estamos na fase de definir cronograma. Mas, provavelmente, vamos iniciar a obra somente em 2026 — diz o secretário municipal de Infraestrutura, Wanderson Santos.
Seis meses e R$ 4,5 milhões
Além das comportas, será necessário demolir o pórtico que sustenta a estrutura atual e instalar novo sistema de guarda-corpo. O custo estimado da intervenção é R$ 4,5 milhões, e a obra deve durar cerca de seis meses. Essa será a primeira mudança na estrutura física das comportas desde que foram instaladas, nas primeiras décadas do século passado.
Uma outra preocupação é com o impacto no trânsito na região, que deve sofrer modificações no período. A obra produzirá entulho, que terá que ser transferido para um aterro em viagens de caminhões — essa operação ainda está em planejamento.
A estrutura da General Garzon faz parte de um sistema que regula a circulação de águas pluviais na Zona Sul e também serve como paliativo para minimizar o despejo irregular de esgoto trazido para o canal pelos rios Rainha, Cabeça e dos Macacos, que recebem dejetos sem tratamento ao passar por comunidades.
Na General Garzon, chega a água do Rio dos Macacos, no Parque Nacional da Tijuca, que nasce a 3,8 quilômetros de distância. Ao longo dos anos, ele foi canalizado, e hoje é quase todo subterrâneo, incluindo o trecho que passa pelas cocheiras do Hipódromo da Gávea. O canal recebe ainda contribuição do Rio Cabeça, cuja nascente, no Parque Nacional da Tijuca, pode ser acessada por uma trilha no Jardim Botânico. Esse caminho integra uma das rotas da trilha Transcarioca, que atravessa toda a cidade.
— Além da reforma, será necessário automatizar o sistema de comportas. Hoje, essa operação é manual, com um sistema de manivelas. Se o técnico não chegar a tempo, há risco de alagamentos no Jardim Botânico, diz o advogado e ambientalista Heitor Wegmann Júnior, que já foi do subcomitê da Lagoa Rodrigo de Freitas, que integra o Comitê Gestor da Baía de Guanabara. — Em 2019, houve uma falha na operação da comporta, e o bairro ficou debaixo d’água.
O segundo sistema de comportas fica no Jardim de Alah. Ele garante uma conexão permanente da Lagoa Rodrigo de Freitas com o mar, permitindo a renovação das águas — devido aos sucessivos aterros que, com os anos, alteraram as dimensões da lagoa, essa obra se tornou necessária.
O terceiro sistema fica no canal da Avenida Visconde de Albuquerque, já nas proximidades da Praia do Leblon e do acesso para a Avenida Niemeyer. O sistema conta com três bombas elétricas instaladas na Praça Atahualpa, que no dia a dia captam o esgoto recebido da Rocinha e o bombeiam diretamente para o emissário submarino de Ipanema. Mas o equipamento não tem capacidade de absorver todo o esgoto quando chove forte, obrigando a abertura do sistema de comportas.
Especialista questiona
Segundo Wegmann, esse sistema de comportas permite manter o nível da lagoa 50 centímetros mais elevado que o nível do mar. Quando são abertas, desde que o mar não esteja de ressaca, a água escorre naturalmente até a praia, na altura do Jardim de Alah.
Alguns especialistas, no entanto, duvidam da eficácia da obra.
— Não conheço o projeto. Mas, hoje, já existe um sistema de captação de esgoto em tempo seco na Lagoa, construído nos anos 1990 pelo governo do estado, que minimizou o problema. De qualquer forma, essa água vai poluir a Lagoa ou a ponta do Leblon. E, em caso de chuva forte, o risco de alagamento vai continuar se não houver o alargamento do canal do Jardim de Alah. A água sobe, e a Lagoa transborda. Isso já foi demonstrado em uma série de estudos técnicos no passado — diz Paulo Rossmann, especialista em Engenharia Oceânica.
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