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Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL com traje criado por profissionais da Portela

Escola de samba homenageou autora com enredo inspirado em "Um defeito de cor" no Carnaval 2024

Agência O Globo - 07/11/2025
Ana Maria Gonçalves toma posse na ABL com traje criado por profissionais da Portela
Ana Maria Gonçalves - Foto: Reprodução / Instagram

A escritora Ana Maria Gonçalves, primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL) e 13ª mulher a integrar a instituição, toma posse nesta sexta-feira (21) vestindo um traje exclusivo confeccionado por profissionais da Portela, sob coordenação do carnavalesco André Rodrigues.

A parceria entre a autora e a escola de samba teve início neste ano, quando a Portela levou para a Marquês de Sapucaí um enredo inspirado no livro "Um defeito de cor", de Ana Maria Gonçalves. O desfile rendeu à agremiação diversos prêmios, incluindo o Estandarte de Ouro de melhor escola, feito que não ocorria há mais de 30 anos, e impulsionou as vendas do romance.

O traje, confeccionado no tom verde tradicional do "fardão" dos imortais da ABL e com detalhes dourados nas mangas e gola, foi desenvolvido em diálogo entre o carnavalesco André Rodrigues e a escritora. A peça reúne elementos que representam a trajetória de Ana Maria Gonçalves e a valorização da cultura negra.

“Não é apenas a construção física da roupa, mas o simbólico também importa. Isso mostra a potência dos nossos artistas e da capacidade da escola de samba de dialogar com diversos universos”, destacou André Rodrigues, responsável pela coordenação do trabalho.

Esta é a primeira vez que o traje de posse de um imortal da ABL é produzido por uma escola de samba. A confecção foi realizada no ateliê do barracão da Portela, na Cidade do Samba, com participação dos profissionais João Vitor Ferreira, Raayane Costa e Anthony Albuquerque.

Para Junior Escafura, presidente da Portela, o momento reforça a importância cultural da agremiação: “A Portela é uma escola historicamente preta, formada por artistas que transformam ancestralidade em arte. Ver uma mulher como Ana Maria Gonçalves ser imortalizada na Academia Brasileira de Letras, vestindo uma criação confeccionada por nossos profissionais, é motivo de orgulho e reafirmação da nossa identidade. É a prova de que seguimos honrando o legado de Paulo da Portela e mostrando que o talento de Oswaldo Cruz e Madureira também alcança a imortalidade”, afirma.