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Manifestação em homenagem a policiais mortos na megaoperação conta com a presença do secretário da PM; veja vídeo
Rio de Paz organizou o ato em Copacabana, onde pessoas deixaram flores e mensagens em memória dos quatro agentes mortos nos complexos da Penha e Alemão
Uma manifestação em homenagem aos quatro policiais mortos na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão foi realizada nesta terça-feira, em Copacabana, Zona Sul do Rio, organizada pela ONG Rio de Paz. Cruzes fincadas na areia com camisas das polícias Civil e Militar manchadas de sangue e fotos de cada um dos agentes — que permaneceram por uma semana em frente ao Copacabana Palace — foram retiradas.
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Durante os sete dias em que as homenagens estiveram na areia, pessoas deixaram flores em memória dos agentes mortos na megaoperação. Segundo a ONG, a manifestação vai além de uma cerimônia, sendo também “um momento de defesa da vida e de construção de um Rio de Janeiro mais humano e seguro”.
O secretário da Polícia Militar do Rio (PMERJ), coronel Marcelo Menezes, esteve presente na manifestação, juntamente com o fundador da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa. Em conversa, os representantes lamentaram a morte dos agentes e comentaram sobre uma possível "rixa" entre a corporação e o movimento dos direitos humanos.
— A farda não destitui o ser humano de seus direitos, e, muitas vezes, nós nos esquecemos disso, como se o policial fosse desprovido de direitos. E a sociedade, que estimula os confrontos, nessas horas, não honra a memória do policial e muito menos apoia sua família. Nem todos os movimentos de direitos humanos veem a polícia como inimiga — afirmou Antônio Carlos, em vídeo divulgado pela ONG.
Suspeitos:
No bate-papo, o secretário afirmou que ver os ativistas como opositores da polícia seria uma “leitura burra” e que ele faz uma avaliação justa, considerando a multiplicidade de pessoas envolvidas.
— Toda unanimidade é burra e injusta. Fazer uma avaliação não só pelo lado dos direitos humanos, mas também pelo dos policiais, é preciso, de alguma forma, entender a multiplicidade de pessoas em uma instituição tão grande e em um movimento tão grande. Seria uma leitura míope. De mim, não esperem esse tipo de comportamento — destacou o secretário.
Quatro policiais militares feridos
Representantes da Polícia Civil foram convidados, mas não compareceram. A manifestação foi encerrada com um minuto de silêncio pelos mortos, seguido de uma salva de palmas.
Quem são os quatro policiais mortos na megaoperação
Há apenas dois meses na corporação, Rodrigo Cabral estava lotado na 39ª DP (Pavuna), era considerado um profissional promissor. Durante o confronto, ele levou um tiro na nuca e não resistiu aos ferimentos. Nas redes sociais, o policial compartilhava momentos de sua vida fora do trabalho Em quase todas as fotos, aparecia sorridente, cercado pela família: viagens com a esposa e a filha, brincadeiras com elas e idas ao estádio Nilton Santos para acompanhar o Botafogo, time do coração.
Rodrigo era descrito pela esposa como "o melhor pai, marido e amigo". Em fevereiro de 2024, ela publicou um vídeo e uma homenagem pelos 16 anos de relacionamento. A mensagem, acompanhada de fotos do casal e da filha, ganhou novo peso após a notícia da morte.
“Hoje sinto vontade de agradecer. Agradecer a você, a Deus, à vida, ao universo pelos últimos 16 anos que vivemos juntos. Nossa vida juntos é muito mais do que alguma vez sonhei ter, e tudo que já compartilhamos deixa meu coração orgulhoso. Me sinto muito abençoada por ter você ao meu lado. Te amo, e vou te amar para sempre! Disso pode ter certeza, e cada dia que passa amo mais e mais.”, disse a esposa naquela postagem.
Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, conhecido entre colegas como Máskara, apelido pelo qual era amplamente conhecido, tinha uma longa carreira na Polícia Civil e recentemente assumiu uma das chefias da 53ª DP (Mesquita). Ele estava há 20 anos nos quadros da corporação e era muito respeitado entre colegas pela atuação no enfrentamento ao crime organizado, costumava participar diretamente das operações em campo, mesmo ocupando cargo de chefia.
Ele foi atingido na cabeça. Um áudio gravado por uma policial que o socorria na favela mostra o cenário de guerra que os agentes enfrentaram. Em meio ao som de tiros e explosões, ela comunicou à corporação que Marcus Vinicius havia sido baleada. Ele foi levado ao Hospital estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu.
“Galera, o Maskara foi baleado na cabeça, a gente tá preso aqui na favela, estou pedindo prioridade. Tem que dar uma atenção, é sério, o Maskara foi baleado na cabeça", disse a policial.
Também experientes, os sargentos Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca eram policiais militares há 17 e 14 anos, respectivamente. Lotados no Batalhão de Operações Especiais (Bope), eles chegaram a ser socorridos com vida, mas não resistiram aos ferimentos. Serafim tinha 42 anos e deixa uma esposa e filha. Já Heber, tinha 39 anos e deixa a esposa, dois filhos e um enteado. Nas redes sociais, o Bope lamentou a mortes dos policiais.
“Dedicaram suas vidas ao cumprimento do dever e deixa um legado de coragem, lealdade e compromisso com a missão policial militar”, diz o comunicado.
*Estagiária sob supervisão de Leila Youssef.
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