RJ em Foco
Peritos montam força-tarefa e identificam 121 mortos da megaoperação em três dias
Papiloscopistas do Instituto de Identificação Félix Pacheco contaram com apoio de policiais de outros estados e utilizaram reconhecimento facial e coleta de digitais para concluir o trabalho
Uma equipe de papiloscopistas do Instituto de Identificação Félix Pacheco (IIFP), da Polícia Civil, iniciou ainda na terça-feira da megaoperação o trabalho de identificação dos corpos no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Os agentes chegaram por volta do meio-dia, quando apenas seis óbitos haviam sido levados para a unidade. No local, fotografaram o rosto e coletaram as digitais dos mortos, enviando o material para uma equipe com acesso ao sistema de identificação da Polícia Civil.
Segundo os papiloscopistas, a principal dificuldade foi identificar corpos de pessoas oriundas de outros estados.
Toda a identificação foi concluída em três dias, com o envolvimento de agentes do IIFP que também atuam no Instituto Médico Legal (IML). Foram conferidas as digitais dos 121 corpos, dos quais apenas dois permanecem sem identificação formal — um deles não possuía carteira de identidade e passou por exame de DNA (com resultado inconclusivo), e o outro não teve biometria coletada em vida. Ambos, no entanto, foram liberados para sepultamento após reconhecimento por familiares.
Além da coleta de digitais, o processo foi enriquecido pelo reconhecimento facial, realizado a partir de imagens disponíveis em redes sociais e outras fontes abertas, e por informações da Inteligência da Polícia Civil. Os sistemas do Detran, do Tribunal Superior Eleitoral e da Polícia Federal integraram as buscas.
Apesar do auxílio da tecnologia, a confirmação da identidade foi feita individualmente pelos policiais. Os sistemas apresentam possíveis candidatos à identificação, que precisam ser verificados até a confirmação oficial. A papiloscopia, segundo os peritos, é considerada o método mais preciso, enquanto as fotos servem como complemento.
Os corpos receberam números de identificação presos aos pulsos ainda no hospital. Por meio dessa numeração, os agentes associaram o Boletim de Atendimento Médico (BAM), documento que orientou a abertura de registros de ocorrência individualizados.
“Chegamos ao Getúlio Vargas e já começamos a enviar fotos para a equipe do IIFP. Enquanto mandávamos as imagens, circulavam rumores de que cerca de 50 pessoas haviam morrido, mas nada era oficial. Precisamos alinhar muito bem o trabalho para garantir que tudo estivesse de acordo com a Delegacia de Homicídios”, relatou uma papiloscopista da equipe.
Com a chegada de mais corpos ao hospital durante a tarde, a demanda pela identificação aumentou e foi necessário expandir a força-tarefa. No IML, peritos se voluntariaram fora do plantão para acelerar a produção dos laudos de necropsia. No dia seguinte, quando ao menos 60 corpos foram expostos na Praça São Lucas, no Complexo da Penha, o trabalho dos agentes seguiu ininterruptamente.
A identificação dos corpos de criminosos de outros estados contou com o apoio de policiais e peritos de diversas regiões do país. Houve troca de informações sobre mandados de prisão em aberto e antecedentes criminais.
“Entre os mortos, vários eram de fora. Conseguimos apoio imediato de institutos estaduais de identificação e do Instituto Nacional de Identificação, que forneceram prontuários civis e criminais”, acrescentou a papiloscopista.
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