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Governo aguarda decisão da Justiça do Rio para transferir líderes do Comando Vermelho a presídios federais

Apesar do acordo entre as gestões Castro e Lula, a palavra final cabe à Vara de Execuções Penais do Rio

Agência O Globo - 03/11/2025
Governo aguarda decisão da Justiça do Rio para transferir líderes do Comando Vermelho a presídios federais
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

O governo federal está à espera de uma decisão da Justiça Estadual do Rio de Janeiro para efetivar a transferência de dez traficantes ligados ao Comando Vermelho para presídios federais. O pedido foi feito pela gestão do governador Cláudio Castro (PL) na última quarta-feira, após a megaoperação policial nos Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital, que resultou em 121 mortos, 113 presos e na apreensão de 91 fuzis e 26 pistolas. Quatro policiais — dois civis e dois militares — morreram durante os confrontos.

De acordo com Castro, os detentos, entre eles sete integrantes da chamada "Comissão do Comando Vermelho", estariam incitando subordinados a reagir contra a operação, promovendo pânico e desordem na cidade. O Ministério da Justiça, sob comando de Ricardo Lewandowski, atendeu ao pedido e disponibilizou dez vagas no sistema penitenciário federal, que conta com cinco unidades de segurança máxima, caracterizadas por regime rígido de isolamento e vigilância. Os principais líderes da facção, Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP, já cumprem pena em presídios federais há décadas.

Apesar do entendimento entre os governos estadual e federal, a decisão final cabe à Vara de Execuções Penais do Rio. O processo de transferência ocorre sob sigilo. No dia da operação, os dez presos já haviam sido removidos de suas celas em Bangu 3 para Bangu 1, unidade de segurança máxima do complexo penitenciário.

Durante a megaoperação, criminosos ligados à facção bloquearam diversas vias do Rio e da Região Metropolitana, utilizando carros e caminhões como barricadas. Segundo as autoridades estaduais, as ações teriam sido ordenadas pelos líderes do Comando Vermelho que permanecem presos.

Entre os detentos que devem ser transferidos está Marco Antônio Pereira Firmino, conhecido como My Thor, integrante do segundo escalão da facção. No ano passado, ele foi alvo de uma operação dentro da cadeia, suspeito de comandar o tráfico de cocaína entre São Paulo e Rio de Janeiro, com a intermediação de um empresário investigado. Na ocasião, dez celulares foram apreendidos nas celas, alguns deles destruídos pelos próprios presos.

"A transferência de presos de alta periculosidade aguarda autorização judicial, e a alocação dos custodiados nas unidades é realizada conforme análise técnica e de inteligência da Polícia Penal Federal, em tempo oportuno. Por razões de segurança, não são informados os locais de custódia até a conclusão das escoltas", informou, em nota, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), responsável pela administração dos presídios federais.