RJ em Foco

‘Só de uma moto encostar do teu lado, você já treme’: sogra de jovem morta na Linha Amarela desabafa sobre insegurança no Rio

Andréia Assis, sogra de Bárbara Elisa, de 28 anos, morta durante tiroteio na Maré, relata o medo cotidiano e o desespero ao descobrir pelo GPS que a nora estava no hospital

Agência O Globo - 01/11/2025
‘Só de uma moto encostar do teu lado, você já treme’: sogra de jovem morta na Linha Amarela desabafa sobre insegurança no Rio
- Foto: Reprodução / Instagram

O desabafo é de Andréia Assis, sogra de Bárbara Elisa Yabeta Borges, jovem de 28 anos morta nesta sexta-feira após ser atingida por um tiro na cabeça durante um tiroteio na Linha Amarela, na altura da Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Bárbara estava em um carro por aplicativo quando foi baleada. Socorrida ao Hospital Federal de Bonsucesso, não resistiu aos ferimentos. O motorista, atingido na mandíbula, passou por cirurgia e permanece internado no CTI.

“Só de uma moto encostar do teu lado, você já treme. Da pessoa virar e falar: ‘desce, perdeu’. De você ter que comprar dois celulares, um pro bandido levar e outro pra você usar”, relatou Andréia, ainda abalada, com o rosto e a voz trêmulos.

No Instituto Médico-Legal (IML), neste sábado, Andréia falou entre lágrimas sobre o medo que se tornou rotina para os moradores do Rio e o desespero da família ao descobrir o que havia acontecido.

“Você não pode ter um lazer, você sai de casa já nesse estresse e nem sabe se vai voltar. Nós somos as vítimas. A nossa opção é trabalhar e conquistar, dia após dia, o pão de cada dia, que era o que a minha nora estava fazendo. Conquistando os sonhos dela”, lamentou.

Segundo Andréia, o filho, companheiro de Bárbara, estava em São Paulo quando recebeu a notícia da morte da jovem, que chegou primeiro pela imprensa e pelo rastreador de localização do celular de Bárbara.

“Eu tenho o GPS pra monitorar os meus filhos. Eu monitoro ele, o Breno, que é o meu mais novo, e a Bárbara. Aí eu desci, fui fazer um negócio lá embaixo no prédio e vi uma senhora vendo um vídeo desse arrastão. Perguntei: ‘Isso é agora?’. Ela disse: ‘É agora, nesse exato momento’. Subi, e quando subi ele me ligou, já transtornado: ‘Mãe, corre, vê o que está acontecendo com a Bárbara’”, lembrou.

“Ele disse: ‘Tá dando a localização dela dentro do Hospital de Bonsucesso’. Só que a gente esperava o quê? Que ela tivesse passado mal, que estivesse ferida... Mas a menina já chegou praticamente morta”, finalizou Andréia Assis.