Juan Breno Malta Ramos, conhecido como BMW, um dos denunciados pelo assassinato de três médicos na orla da Barra da Tijuca, em outubro de 2023, volta a ser alvo do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Segundo relatório do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), BMW figura entre os principais chefes do Comando Vermelho (CV) investigados por lavagem de dinheiro e expansão territorial.

Gerente do tráfico na Gardênia Azul, comunidade da Zona Sudoeste tomada das mãos da milícia, BMW é apontado como "o principal incentivador da ampliação da facção em territórios" da região de Jacarepaguá. De acordo com o MPRJ, o destaque de BMW dentro da facção lhe garante maior arrecadação de recursos, com indícios de uso de empresas de fachada para lavar dinheiro.

Uma dessas empresas seria uma pizzaria instalada na própria Gardênia Azul. Ainda segundo a denúncia, BMW controlaria sistemas de câmeras de segurança na Penha e na Gardênia, monitorando a movimentação policial e negociando, inclusive, a liberação de traficantes detidos junto a facções rivais.

Chefe do grupo de matadores denominado Equipe Sombra — responsável pela morte dos médicos na Barra — BMW também oferece treinamento a soldados do tráfico, orienta punições e participa dos chamados "tribunais do tráfico", com autonomia para determinar execuções de rivais de menor expressão.

Em trecho da denúncia, o MPRJ afirma: "Além disso, em nome do predomínio violento da facção criminosa Comando Vermelho, o denunciado Juan Breno orienta a prática de punições e tortura contra moradores". O documento inclui a imagem de uma mulher submersa em uma banheira de gelo, apresentada como "brigona que gosta de arrumar confusão no baile". Segundo a legenda, essa seria a "melhor forma" de punição, já que "não quer bater em morador".

Em outro episódio citado, um homem amordaçado e algemado é arrastado por um carro, vestindo apenas um short. "Em meio a gritos implorando por perdão", a vítima menciona BMW diversas vezes, enquanto o denunciado "faz piada do sofrimento alheio, debochando da vítima agonizante", relata o MP. As imagens mostram o homem tentando se justificar sobre valores em dinheiro. BMW ordena silêncio e só interrompe o castigo ao perceber um possível desmaio: "Ih, apagou", diz.

O MPRJ destaca ainda que BMW ostenta armas de uso restrito militar, de alta letalidade e grande variedade, incluindo um fuzil AK-47 e outro modelo FN SCAR-L, de origem belga.