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ONG oferece café e sanduíches a familiares que aguardam liberação de corpos no IML

Após dois dias de espera sem estrutura, grupo leva apoio e alimentação a parentes das vítimas da operação mais letal da história do Rio, que deixou 121 mortos.

Agência O Globo - 31/10/2025
ONG oferece café e sanduíches a familiares que aguardam liberação de corpos no IML
- Foto: Depositphotos

Desde a última quarta-feira, mães, esposas e outros familiares das vítimas da operação policial mais letal da história do Rio — que deixou 121 mortos — aguardam do lado de fora do Instituto Médico-Legal (IML) e do pátio do Detran, no Centro do Rio, para reconhecer e liberar os corpos. Sem estrutura adequada, muitos passaram o dia em pé, sem alimentação, sem acesso à água e sem locais para se sentar.

A situação de vulnerabilidade sensibilizou o Movimento Negro Evangélico (MNE), que organizou uma ação solidária na manhã desta sexta-feira, distribuindo café, suco e sanduíches às famílias que permanecem em frente ao IML.

Segundo Andressa Oliveira, coordenadora do MNE no Rio, a iniciativa surgiu a partir da escuta das próprias famílias:

— Ontem eu estive aqui com eles. E, nessa escuta, uma das coisas que apareceu foi a questão da alimentação. A gente fez esse café, que é também um carinho, uma forma de acolher. Eles deram a previsão pra gente de 60, 70 pessoas, mas agora chegou menos. Ontem estava bastante cheio, muito lotado — relatou Andressa.

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Andressa acrescentou que o movimento também busca garantir o almoço para quem permanece no local desde as primeiras horas da manhã:

— A gente está vendo com eles como vai ser a dinâmica do almoço. Se for preciso, vai ser uma articulação nossa com o pastor, que vai ver com a cozinha do MTST. A ideia é preparar algo simples — um macarrão, alguma coisa rápida —, mas que ajude nesse momento — explicou.

Desde o início das identificações, as famílias relatam fome, sede e mal-estar. Algumas senhoras de idade chegaram a passar mal, com pressão baixa e princípio de desmaio, após longas horas sob o calor, em meio à dor e à incerteza.

— Eu fiquei aqui desde quarta-feira, das 6h às 20h. Ontem, a chuva pegou a gente. Só queremos encerrar nosso luto — disse a viúva de um dos mortos na operação.

Operação Contenção

A ação, realizada pelas polícias Civil e Militar, deixou 121 mortos confirmados, sendo quatro policiais e 115 suspeitos de envolvimento com o tráfico, segundo as corporações. Outros 113 foram presos e 10 adolescentes apreendidos, além da apreensão de 118 armas — entre elas, 91 fuzis.

Considerada a mais letal da história do país, a Operação Contenção teve como alvo criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV). Segundo o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, o número de mortos ainda pode aumentar, já que os corpos são registrados conforme dão entrada no IML ou em unidades hospitalares.