Roberta Luchsinger, herdeira da família fundadora do banco Credit Suisse, orientou Antônio Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, a se desfazer de celulares antes de possível apreensão pela Polícia Federal.

Careca está no centro das investigações da Operação Sem Desconto, que apura fraudes e descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Ele é apontado como lobista em um esquema de desvios bilionários.

Conversas obtidas pela PF mostram que, em abril de 2025, Roberta alertou Careca por WhatsApp: "Só para você saber, acharam um envelope com o nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão". O lobista respondeu, demonstrando preocupação: "PUTZ".

Na sequência, Roberta orientou: "E Antônio, some com esses telefones. Joga fora".

Nesta quinta-feira, 18, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da operação e realizou buscas em endereços ligados a Roberta. A ação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou o uso de tornozeleira eletrônica pela herdeira. A defesa informou que não teve acesso ao processo e, por isso, não se pronunciou sobre o caso.

Segundo a PF, Roberta integra o núcleo político do grupo suspeito de desviar recursos de aposentados. Os investigadores destacam que ela se apresenta como "pessoa com acesso a estruturas de poder capazes de influenciar decisões de natureza política".

Roberta é amiga de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula.

De acordo com as investigações, Roberta e Careca mantinham "parcerias estratégicas, que mesclam influência política e interesses financeiros".

O ministro André Mendonça destacou, em decisão de 95 páginas, que "isso pode resultar em impactos em decisões públicas que poderiam beneficiar os empreendimentos associados ao grupo de Antônio em diversos setores".

Com base nas provas reunidas, o ministro considerou que Roberta exerce papel "essencial" na gestão de contas bancárias e empresas supostamente usadas para lavagem de dinheiro.

A Polícia Federal afirma que uma consultoria de Careca do INSS transferiu R$ 1,5 milhão para a empresa de Roberta, em pagamentos de R$ 300 mil, com base em contrato de consultoria para serviços aparentemente inexistentes.