Política

Desembargador preso pela PF recebeu mais de R$ 125 mil em novembro

Macário Judice Neto, do TRF-2, é investigado por suposto vazamento de informações sigilosas e recebeu salários acima do teto constitucional.

16/12/2025
Desembargador preso pela PF recebeu mais de R$ 125 mil em novembro
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

O desembargador Macário Judice Neto, preso por suspeitas de irregularidades na condução do caso do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, recebeu em novembro deste ano R$ 125.670,16 em salário e benefícios pagos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Em outubro, a remuneração chegou a R$ 157.961,75.

No TRF-2 desde 2023, Macário Judice é alvo da segunda fase da Operação Unha e Carne, que apura o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun. Na primeira etapa da investigação, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), também foi preso, mas teve a prisão revogada posteriormente por decisão dos deputados estaduais.

A Polícia Federal investiga o suposto envolvimento de Macário, que atuou como relator da Operação Zargun, no vazamento de informações. O processo envolve TH Joias, acusado de ligação com a facção Comando Vermelho. Deflagrada em setembro, a operação mira uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas e armas, e resultou na prisão do então deputado.

Em valores líquidos, Macário Judice Neto recebeu R$ 80.580,06 em novembro e R$ 127.869,67 em outubro. A Constituição determina que nenhum servidor público pode ganhar mais que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Para 2024, o teto salarial é de R$ 44.008,52 mensais, subindo para R$ 46.366,19 em 2025.

Juízes como Macário, no entanto, ultrapassam o teto graças a verbas classificadas como indenizatórias, concedidas por decisões administrativas a todos os integrantes da categoria e pagas de forma permanente, embora deveriam ser eventuais e transitórias, como remuneração por acúmulo de serviço e auxílio saúde.

Segundo estudo do Movimento Pessoas à Frente, os pagamentos acima do teto constitucional a juízes somaram R$ 10,5 bilhões em 2024 no Brasil. O aumento foi impulsionado por verbas indenizatórias conhecidas como "penduricalhos", que entram no contracheque dos magistrados sem respeitar o limite e sem incidência de Imposto de Renda.