Política
Base de Lula na CPMI do INSS articula e barra convocação de presidentes de bancos
Parlamentares governistas evitam depoimentos de executivos de bancos suspeitos de descontos indevidos a aposentados. Oposição critica e tenta ampliar investigações.
A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPMI do INSS articulou, nesta quinta-feira (4), para barrar a convocação de presidentes de bancos suspeitos de realizar descontos de crédito consignado em aposentadorias sem autorização.
Com a manobra, parlamentares governistas impediram, por exemplo, a convocação de Eduardo Chedid, CEO do PicPay, empresa do empresário Joesley Batista.
Também foi rejeitado o requerimento que pedia a convocação de Leila Pereira, presidente da financeira Crefisa e do Palmeiras. “Não é o PT que enfrenta banqueiro? Eu estou querendo chamar a Faria Lima aqui. Agora é o PT que não quer. Que curioso”, ironizou o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP).
Joesley Batista é considerado um dos empresários mais influentes junto ao governo Lula neste mandato. Ele já participou de reuniões no Palácio do Planalto fora da agenda oficial, integrou comitivas ministeriais em viagens ao exterior e chegou a intermediar conversas com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscando flexibilizar tarifas impostas ao Brasil.
“O PT é contra o bilionário quando o bilionário não é deles”, criticou Kataguiri.
Outros poupados da convocação foram Mário Roberto Opice Leão, do Santander S.A., e Marcelo Kalim, do C6 Bank. Aproveitando a postura do governo, a oposição incluiu no bloco de votações um pedido para elaboração de relatórios de inteligência financeira (RIFs) da Zema Crédito, Financiamento e Investimento, ligada ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) argumentou que tais requerimentos desviam o foco da CPMI: “São um conjunto de requerimentos fora do escopo da investigação. Não têm nexo com desconto associativo ou com os temas centrais da CPI. Muitos desses pedidos visam tirar a atenção do que é central.”
O relator da comissão, Alfredo Gaspar (União-AL), autor dos requerimentos, rebateu: “Eu, como todos aqui, tenho lado. O que não podemos ter é preferência por bandido. Isso é um dia da infâmia. Tem gente protegendo o sistema financeiro. E não foi discussão da cabeça do relator. Foram a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) e o Banco Central que enviaram denúncias formais para cá.”
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