Política
Crise climática e 'ajuste de Zema' marcam evento de consórcio Sul-Sudeste em SP
Destruição causada por temporais no litoral paulista, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são pano de fundo de preocupação dos mandatários
Em meio a tragédias climáticas que castigaram o Sul do país nas últimas semanas, um evento que contou com sete governadores em São Paulo, nesta quinta-feira, foi marcado por discursos afinados na questão ambiental e pela tentativa de "corrigir" uma polêmica criada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
Leia: Em meio a briga jurídica, Eduardo Leite deve abrir mão de concorrer à presidência do PSDB
Após Zema ter comparado os estados do Nordeste a "vaquinhas que produzem pouco", em uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo em agosto, agora os mandatários deram um tom de "união, não divisão" à aliança formalizada entre seus estados.
As declarações foram feitas na abertura do 9º encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). O grupo foi criado em 2019 para fortalecer a cooperação econômica entre os setes estados das duas regiões, que têm se revezado para sediar as reuniões.
Apesar do foco técnico, o assunto ganhou viés político-partidário quando da declaração de Zema. Isso porque o Nordeste é majoritariamente governado por partidos de esquerda, apoiadores do presidente Lula, enquanto o Sul e o Sudeste, por partidos de direita e de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A repercussão negativa foi tamanha que as lideranças tentaram reajustar o discurso em suas considerações no palco do evento, na sala de concertos, diante de aproximadamente 1,5 mil espectadores. Enquanto o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado, afirmou que Zema havia sido "mal interpretado", o próprio governador disse estar ali para "somar, não para dividir". O gaúcho Eduardo Leite também defendeu o consórcio.
— Nunca foi uma frente de estados contra estados, mas uma frente de estados que defendem uma visão comum para o futuro. A união para sermos ainda mais a alavanca de desenvolvimento para todo o Brasil — declarou.
Durante a coletiva de imprensa, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do Paraná, Ratinho Junior, afirmaram que o grupo não tem coloração político-partidária e que não funciona para fazer frente ao governo federal, de esquerda.
A crise climática esteve tão presente no evento que foi motivo de ausência de um dos governadores, Jorginho Mello, de Santa Catarina, que permaneceu no estado para lidar com o problema. Ele estava representado pela vice-governadora, Marilisa Boehm.
As chuvas em Santa Catarina têm provocado enchentes em todo o estado, e a previsão é de que esse cenário não mude tão cedo. Desde o início de outubro, dados da Defesa Civil registraram ocorrências ligadas aos fortes temporais em 151 cidades da região, e a média de chuvas esperada para o mês já foi superada.
Boehm aproveitou o palco para pedir a união dos estados para a implementação de um fundo emergencial dedicado a financias ações de mitigação e combate a desastres climáticos. Já Leite sugeriu a criação de um órgão comum de monitoramento e respostas a mudanças climáticas. No mês passado, temporais deixaram um rastro de destruição e mortes em seu estado. Em fevereiro, o litoral de São Paulo já havia sido atingido pelas mais fortes chuvas registradas na história do país, deixando dezenas de vítimas.
Governadores, secretários e técnicos devem se reunir em diversos grupos de trabalho nesta sexta-feira e apresentar no sábado resultados das conversas.
Mais lidas
-
1DEFESA NACIONAL
'Etapa mais crítica e estratégica': Marinha avança na construção do 1º submarino nuclear do Brasil
-
2ECONOMIA GLOBAL
Temor dos EUA: moeda do BRICS deverá ter diferencial frente ao dólar
-
3REALITY SHOW
'Ilhados com a Sogra 3': Fernanda Souza detalha novidades e desafios da nova temporada
-
4FUTEBOL INTERNACIONAL
Flamengo garante vaga na Copa do Mundo de Clubes 2029 como quinto classificado
-
5DIREITOS DOS APOSENTADOS
Avança proposta para evitar superendividamento de aposentados