O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou por volta das 10h49 à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento sobre um suposto esquema de venda de presentes oficiais no exterior, como relógios e joias. Segundo apurou O GLOBO, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e outros seis depoentes que devem ser ouvidos hoje também já estão nas dependências da corporação. Apenas o advogado Frederick Wassef será ouvido pelos investigadores em São Paulo. É o quinto depoimento de Bolsonaro à PF desde abril.

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Outras cinco pessoas serão interrogadas no inquérito, incluindo o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que esteve na PF por mais de 16 horas na sexta e na segunda-feira passadas. Cid é o único do grupo que está preso. Ele chegou à PF mais cedo, por volta das 9h15.

O depoimento de todos começou ao mesmo tempo, inclusive o do Wassef, que, apesar de estar em São Paulo, está sendo interrogado por videoconferência por um delegado.

Silêncio de Bolsonaro e Michelle

Os depoimentos serão simultâneos e separados, estratégia usada pela polícia para tentar evitar combinação de versões e detectar incongruências entre os relatos. Bolsonaro deve ser questionado sobre se deu ordens para Cid vender relógios e joias nos Estados Unidos, presentes que haviam sido dados por autoridades estrangeiras. Também deverá explicar se recebeu dinheiro vivo por meio do pai do ex-ajudante de ordens, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid. Ele também vai depor.

De acordo com a defesa do ex-presidente, ele e Michelle ficarão em silêncio durante a oitiva.

Na avaliação dos investigadores, a apuração sobre a venda de presentes oficiais dados a Bolsonaro por autoridades estrangeiras é a que está em estágio mais avançado e a que reúne o maior número de indícios da prática de crimes, como trocas de mensagem, fotos e até recibos de venda e de recompra dos itens valiosos.

Os elementos foram obtidos pela PF por meio de quebras de sigilo telefônico e telemático e buscas e apreensões autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os delegados que tomarão os oito depoimentos hoje agora querem ouvir a versão a respeito do que foi encontrado.