Política

De Pedro Paulo a Eliziane Gama: os 47 parlamentares da base que votaram pelo impeachment de Dilma

De partidos com cargos no primeiro escalão do governo, parlamentares podem ser resistência para projeto de Lindbergh Farias que prevê a restituição simbólica do mandato da ex-presidente

Agência O Globo - GLOBO 31/08/2023
De Pedro Paulo a Eliziane Gama: os 47 parlamentares da base que votaram pelo impeachment de Dilma
Eliziane Gama - Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Em meio à tramitação de um projeto que prevê a restituição simbólica do mandato de Dilma Rousseff (PT), 47 parlamentares que hoje integram a base de apoio do governo no Congresso Nacional votaram, em 2016, pelo impeachment da ex-presidente. (Confira a lista no final da matéria)

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A maioria desses representantes integram o União Brasil (14), PSD (13) e MDB (10) que, juntos, lideram oito ministérios. São nomes como o deputado federal do Rio, Pedro Paulo (PSD), e o presidente da CPI do 8 de janeiro, Arthur Maia (União-BA).

— Com a esperança de ver o país sair da crise, é preciso cuidar. Pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil, eu voto sim — disse Pedro Paulo.

No ano da votação, o deputado concorreu à prefeitura do Rio e o PT estudava apoiar sua candidatura, como sucessor de Eduardo Paes. Após o voto, no entanto, Washington Quaquá (PT-RJ) afirmou que qualquer aliança teria sido rompida com o posicionamento do parlamentar.

Já entre os comandantes da CPI do 8 de janeiro, tanto Arthur Maia quanto a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), votaram a favor da perda de mandato de Dilma Rousseff.

— A presidente Dilma levou o Brasil ao caos econômico — disse a senadora à época. Hoje, Eliziane é tida como grande aliada do ministro da Justiça Flávio Dino.

O projeto em tramitação

A iniciativa em questão partiu de Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele apresentou a proposta depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no último sábado, quando que era preciso procurar formas de reparar Dilma. Na semana passada, o Tribunal Regional Federal em Brasília (TRF-1) decidiu pela manutenção do arquivamento do processo das chamadas “pedaladas fiscais”, episódio que embasou o afastamento da então presidente. Em 2016, Dilma foi acusada de ter atrasado o repasse a bancos públicos para melhorar artificialmente as contas do governo federal. Hoje, Dilma preside o banco dos Brics, cargo que ocupa por indicação do governo brasileiro.

No texto protocolado ontem, Lindbergh Farias afirma que a presidente perdeu o cargo por “hipotético crime de responsabilidade, as perspectivas fática e jurídica, nunca aconteceram”. Judicialmente, no entanto, não houve resolução de mérito, ou seja, ela não foi absolvida. O petista diz ter se inspirado no projeto apresentado pelos senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Pedro Simon que, em 2013, anulou a sessão que afastou o então presidente João Goulart no início da ditadura militar.

Reações de parte da base

O deputado federal Sergio Souza (MDB-PR), que foi suplente de Gleisi Hoffmann e chegou a assumir o mandato de senador quando a petista chefiou a Casa Civil de Dilma, engrossa as fileiras de críticos à iniciativa. Na avaliação dele, não há previsão jurídica ou regimental que reveja restituição de mandato para casos como o da ex-presidente:

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— Este não é o tema que o Brasil está precisando debater, temos outros problemas como inflação, fome, bem mais urgentes. Esta proposta é mais um manifesto político do PT, um gesto, e enquanto grupo político tudo bem, mas não acredito que terá caminho dentro do Congresso — disse Souza.

Também do MDB, partido que controla três ministérios na Esplanada, Lucio Mosquini (RO) diz que não considera importante, hoje, saber se determinados processos políticos ocorridos no passado foram “certos ou errados”.

— São águas passadas. Na política, não há tempo para avaliar se foi certo ou errado, foi um momento político. Jamais votaria num projeto para abrir uma discussão passada.

Também na base do governo, o União Brasil tem 14 representantes que votaram pelo impeachment. Entre eles, Moses Rodrigo (CE). Ao GLOBO, ele afirmou que segue com o mesmo posicionamento que tinha quando Dilma perdeu seu posto:

— A princípio não votaria a favor desse projeto.

Do partido do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Heitor Schuch (RS) defende que Lindbergh recorra ao Supremo Tribunal Federal (STF), em vez de buscar o Legislativo para aprovar uma compensação à correligionária:

— Se o deputado acha que foi feito lá atrás foi injusto, ele deveria se reportar à Casa que chancelou o processo.

Parlamentares da base que votaram pelo impeachment

Fabio Reis

Mendonça Filho

Jarbas Vasconcelos

Alceu Moreira

Heitor Schuch

Fernando Coelho Filho

Luiz Carlos Busato

Osmar Terra

Veneziano Vital do Rêgo

Efraim Filho

Paulo Azi

Elmar Nascimento

Arthur Oliveira Maia

Zé Silva

Weliton Prado

Stefano Aguiar

Rodrigo Pacheco

Rodrigo de Castro

Newton Cardoso Jr

Hélio Leite

Misael Varella

José Priante

Mário Heringer

Luiz Fernando Faria

Luis Tibé

Laudivio Carvalho

Luciano Ducci

Luiz Nishimori

Diego Andrade

Júlio Cesar

Paulo Foletto

Pedro Paulo

Marcos Soares

Hugo Leal

Sergio Souza

Átila Lins

Áureo

Moses Rodrigues

Danilo Forte

Lucio Mosquini

Eliziane Gama

Gilberto Nascimento

Baleia Rossi

Alexandre Leite

Carlos Henrique Gaguim

Flávia Morais

Flaviano Melo